Quais são as políticas espaciais de Joe Biden?
Veja o que pode mudar nos planos americanos de exploração do espaço com a eleição do Democrata para a presidência dos EUA.
Após quatro dias de incertezas e especulações, o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, 77 anos, venceu as eleições dos EUA, se tornando o 46º presidente do país. Por mais que o espaço não seja um dos assuntos prioritários em campanhas eleitorais, a mudança de poder também pode gerar alterações nas políticas espaciais.
Durante sua presidência, Donald Trump foi bem ativo em assuntos que envolviam a exploração espacial.
Ele recriou, por exemplo, o Conselho Espacial Nacional, inativo desde 1990, com o objetivo de agilizar políticas americanas fora do planeta.
Trump também assinou uma diretiva que acelerava o retorno dos americanos à Lua e abria as portas para uma futura missão tripulada para Marte.
Por mais que seja considerado apertado e ambicioso, a NASA pretende seguir o cronograma estipulado pelo presidente atual, desembarcando a primeira tripulação em solo lunar em 2024 e tendo uma base humana sustentável por lá até 2028.
Além disso, o atual presidente americano também criou a Força Espacial, novo braço militar dos EUA. Porém, caberá a Biden tomar as decisões difíceis quanto ao orçamento e quais funções ela assumirá no futuro.
Quanto ao atual administrador da NASA, Jim Bridenstine, ainda é cedo para especular se ele será mantido no cargo ou Biden pretende substituí-lo.
Porém, diante do seu lado político dentro da NASA e no Congresso, há chances de que Bridenstine seja mantido no cargo, assim como fez Bill Clinton com o administrador da NASA de George HW Bush.
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Biden na Casa Branca
Como Biden não abordou abertamente sobre política espacial em sua campanha, o futuro da exploração espacial americana fica ainda na base da suposição.
Entretanto, especialistas defendem que o futuro presidente não deve realizar grandes mudanças nos planos espaciais atuais.
Por exemplo, é provável que a política atual de voos espaciais comerciais deve prosseguir do jeito que está.
Não há muitos registros sobre o envolvimento de Biden na política espacial. Mas ele teve um papel importante nos pedidos de orçamento federal para que a NASA entregasse as viagens tripuladas em órbita baixa para empresas privadas, como a SpaceX, quando ele era vice-presidente no governo de Barack Obama.
Biden tem como prioridades impulsionar empregos, a indústria e, também, a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). São três áreas que poderiam ser beneficiados pelo trabalho da NASA.
Porém, em seu plano de investir US$ 300 bilhões em P&D (R$ 1,7 trilhão na cotação atual), Biden incluiu todas as agências científicas do país, com exceção da NASA. Algo que especialistas consideram como “surpreendente” e um grande “descuido”.
A agência espacial é considerada não apenas como um dos maiores recursos para cientistas que fazem astronomia, ciências planetárias, astrobiologia, ciências da Terra, mas também uma ferramenta de política doméstica e internacional.
É válido lembrar que assim como o Partido Republicado, os democratas também apoiam o trabalho da agência espacial americana e a exploração do espaço de uma maneira ampla.
Além disso, é muito difícil um novo presidente alterar profundamente grandes programas que possuem forte adesão do Congresso americano, como é o caso do Programa Artemis. Mas isso não significa que pequenos ajustes não possam ser feitos.
Então, o que pode mudar?
O que talvez pode mudar será a urgência de colocar um norte-americano na Lua já em 2024. O que pode ser traduzido como: quanto dinheiro a nova administração está disposta a investir para atingir esse objetivo em tão pouco tempo?
Biden poderia expandir esse prazo para o final de 2020, reduzindo a pressão sobre a liberação de recursos, além de reduzir os riscos de potenciais acidentes em meio à correria para chegar à Lua.
Outra mudança de postura esperada será em relação ao meio ambiente.
Enquanto Trump demonstrou ceticismo sobre os perigos das mudanças climáticas causadas pelo homem, Biden já expressou que o assunto será prioritário quando chegar à Casa Branca.
Em 2018, por exemplo, Trump propôs cortes no orçamento da NASA em missões voltadas para estudar o aquecimento global. Com Biden, é provável que ocorra o movimento contrário, com o aumento do número de pesquisas sobre mudanças climáticas e previsão da poluição na atmosfera da Terra.
Além disso, é esperado uma melhor relação entre os Estados Unidos com a China, abalada pela atual guerra comercial entre os dois países, diante da postura agressiva de Trump para com Pequim.
A NASA tem procurando empresas e países parceiros para as futuras missões à Lua e Marte, inclusive fazendo convites ao Brasil.
Um melhor relacionamento com os chineses poderia gerar parcerias importantes nos grandes programas futuros e impulsionar as missões espaciais tripuladas ao espaço profundo.
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