Trump dá aval para uso de energia nuclear no espaço
Ideia é desenvolver reatores de fissão para uma futura colônia na Lua e o uso de motores nucleares para impulsionar missões tripuladas a Marte.
Nesta quarta-feira, 16, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma nova diretriz que impulsiona o desenvolvimento de sistemas nucleares espaciais com o objetivo de fornecer energia elétrica para futuras colônias na Lua e impulsionar foguetes até o planeta Marte.
A Diretiva de Política Espacial-6 (SPD-6) busca incentivar o desenvolvimento de reatores de fissão nuclear para fornecer eletricidade para espaçonaves em missões onde as fontes alternativas de energia são inadequadas, como em ambientes que são muito escuros para a energia solar ou muito distantes para transportar quantidades suficientes de combustíveis químicos.
A SPD-6 tem como princípios a criação de metas para o desenvolvimento e utilização da energia nuclear no espaço, incluindo o desenvolvimento e produção do combustível adequado, um sistema de energia de fissão para ser utilizado na Lua, além de opções para propulsão nuclear no espaço.
A diretiva também inclui o desenvolvimento de sistemas de energia de radioisótopos avançados para permitir sistemas de superfície de sobrevivência e estender a exploração robótica do Sistema Solar.
Trump também determina o apoio federal no incentivo para as atividades comerciais com o intuito de atingir as metas e defender os princípios estabelecidos na diretiva.
Em comunicado à imprensa, a NASA apoiou a SPD-6 e afirmou que a diretriz reforça os trabalhos da agência para desenvolver sistemas nucleares acessíveis, seguros e confiáveis, incluindo tecnologia capaz de alimentar continuamente as operações em outros mundos e impulsionar futuras missões humanas a Marte.
A agência espacial, o Departamento de Energia e a indústria dos Estados Unidos estão empenhados em projetar, fabricar e testar um reator de fissão da classe de 10 quilowatts para ser utilizado na Lua.
“A NASA planeja demonstrar o sistema na Lua no final da década de 2020, fornecendo energia para operações sustentáveis na superfície lunar e testando seu potencial para uso em Marte”, afirmou a agência.
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Geradores termoelétricos de radioisótopos
Desde a década de 1960, a NASA tem utilizado pequenos reatores nucleares para abastecer com energia sondas que exploram o Sistema Solar Exterior, como a Galileo, Cassini e New Horizons, e em rovers que pousaram na superfície de Marte, como o Curiosity.
É válido ressaltar que esses reatores, batizados de “geradores termoelétricos de radioisótopos” não realizam a fissão nuclear.
Eles funcionam por meio de decaimento de radioisótopos, com o calor emitido por elementos radioativos sendo convertido em eletricidade. Entretanto, esse tipo de reator não tem potência suficiente para abastecer uma colônia humana na Lua.
Embora nenhum sistema de propulsão nuclear espacial tenha sido lançado ao espaço até o momento, a NASA acredita que eles serão necessários para encurtar o tempo de viagem entre a Terra e Marte, além de outros destinos mais distantes.
Problemas com tratados espaciais
Baseado no “Tratado sobre Exploração e Uso do Espaço Cósmico”, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou em 1992 a resolução que determina os “Princípios Relevantes para o Uso de Fontes de Energia Nuclear no Espaço Exterior”.
A ideia foi minimizar a quantidade de material radioativo utilizado no espaço e reduzir os riscos de contaminação radiológica de indivíduos, populações e biosferas.
Apesar de permitir o uso de reatores nucleares em órbita terrestre alta e em missões interplanetárias, a resolução impede que a energia nuclear seja utilizada para fins propulsivos, como determinou Trump.
Outro problema da SPD-6 é a possibilidade de uso de diferentes tipos de urânio em reatores de fissão, inclusive os altamente enriquecidos. Isso acaba levantando preocupações da comunidade internacional que é contrária à proliferação de armas nucleares.
O uso de reatores com o urânio enriquecido poderia criar um precedente para renovação da produção desse material, que por sua vez poderia ser utilizado na produção de armas nucleares.
Além disso, cria-se a preocupação de como será feito o descarte dos resíduos nucleares no espaço.
Desde 1967, o Tratado sobre Exploração e Uso do Espaço Cósmico proíbe que os países coloquem em órbita quaisquer objetos portadores de armas nucleares ou de qualquer outro tipo de arma de destruição em massa e de instalar tais armas em corpos celestes.
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