Tunguska, o dia que um meteoro explodiu no céu

Evento de impacto foi o maior registrado na história moderna.

Foto da expedição de 1927 liderada por Leonid Kulik, mostrando árvores derrubadas pela explosão de Tunguska, em 1908. 
Foto da expedição de 1927 liderada por Leonid Kulik, mostrando árvores derrubadas pela explosão de Tunguska, em 1908. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Há mais de 100 anos – mais precisamente no dia 30 de junho de 1908 – ocorreu em nosso planeta o maior impacto de um asteroide registrado na nossa história, algo que ficou conhecido como o “Evento de Tunguska”.

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Neste dia, em uma manhã quente de verão na Sibéria – localizada na região norte do continente asiático -, um objeto entrou na atmosfera da Terra e explodiu no ar sobre uma área perto do rio Tunguska, no que é o atual Krasnoyarsk Krai.

Estima-se que ele explodiu com uma força entre 3 e 30 megatons de TNT. Para comparação, as primeiras bombas nucleares tinham cerca de 15 megatons.

Essa força teria enviado para o solo uma onda de choque que teria registrado magnitude 5,0 na escala Richter.

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Felizmente, a região era remota e escassamente povoada. Porém, a energia liberada derrubou e achatou cerca de 80 milhões de árvores ao longo de 2 mil quilômetros quadrados.

Expedição de Leonid Kulik

Devido à dificuldade para chegar ao local, apenas em 1927, uma expedição soviética conseguiu chegar na área da explosão.

Essa expedição foi liderada por Leonid Kulik, o curador-chefe da coleção de meteoritos do museu de São Petersburgo. Ele entrevistou testemunhas locais e explorou as áreas onde as árvores haviam sido derrubadas.

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Na época, as testemunhas relataram ter visto uma bola de fogo azulada cruzando o céu e que era quase tão brilhante quanto o Sol.

Em seguida, disseram que avistaram um flash, seguido de um estrondo semelhante ao fogo de artilharia e de trovões. Após, uma poderosa rajada de vento quente quebrou janelas a centenas de quilômetros de distância, chegando a derrubar pessoas ao chão.

A fumaça e a nuvem cinzenta, que depois passou para a escuridão, também foi notada por muitos.

Alguns pensaram que a explosão era resultado de algum exercício militar. Já outros diziam que a explosão foi uma visita do deus Ogdy, que amaldiçoou a área esmagando árvores e matando animais.

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A explosão no Evento de Tunguska

Durante a expedição, Kulik não encontrou nenhum fragmento de meteorito ou cratera de impacto.

Com a falta dessas provas, muitas teorias malucas foram levantadas nas décadas seguintes, que iam desde a queda de naves alienígenas até o encontro da Terra com um miniburaco negro ou uma partícula de antimatéria.

Em vermelho, o local da explosão do meteoro de Tunguska, bem ao centro da Sibéria. I
Em vermelho, o local da explosão do meteoro de Tunguska, bem ao centro da Sibéria. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Entretanto, por mais que os cientistas não tenham encontrado nenhuma cratera, a explosão de Tunguska é classificada como um “evento de impacto”.

Os pesquisadores estimam que o asteroide – provavelmente rochoso – tinha o tamanho de um prédio de 25 andares (65 metros de diâmetro) e entrou na atmosfera a cerca de 54 mil km por hora.

Ele deve ter explodido quando estava entre 5 a 10 km acima da superfície.

O meteoro de Chelyabinsk

Em 15 de fevereiro de 2013, na cidade de Chelyabinsk, na Rússia, outra explosão no ar de um meteoro foi registrada.

Desta vez, com uma escala muito menor do que a de Tunguska, mas não menos impressionante.

O evento de Chelyabinsk foi importante, pois forneceu pistas sobre como esses eventos explosivos ocorrem.

Rastro do meteoro no céu de Chelyabinsk, na Rússia, em 2013.
Rastro do meteoro no céu de Chelyabinsk, na Rússia, em 2013. Imagem: Nikita Plekhanov/Wikimedia Commons

Após fazer análises computacionais, a NASA explicou que o meteoro de Chelyabinsk era um objeto rochoso do tamanho de um prédio de cinco andares e que se partiu no ar a 25 quilômetros do chão. Isso acabou gerando uma grande onda de choque equivalente a uma explosão de 550 quilotons.

No caso da cidade russa, a onda de choque atingiu uma área densamente povoada, quebrando um milhão de janelas e ferindo cerca de mil pessoas com os estilhaços. Felizmente, a explosão não foi grande o suficiente para derrubar prédios ou outras estruturas.

Segundo a agência espacial americana, um meteoro do tamanho daquele que explodiu em Chelyabinsk pode atingir a Terra entre 10 e 100 anos em média.

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“Como há tão poucos casos observados, ainda há muita incerteza sobre como os grandes asteroides se quebram na atmosfera e quanto dano eles podem causar no solo. No entanto, avanços recentes em modelos computacionais, juntamente com análises de Chelyabinsk e outros eventos de meteoros, estão ajudando a melhorar nossa compreensão desses fatores para que possamos avaliar melhor possíveis ameaças de asteroides no futuro”, afirmou Lorien Wheeler, pesquisador do Centro de Pesquisa Ames da NASA.

Todos os anos, no dia 30 de julho, ocorre o #WorldAsteroidDay (“O Dia do Asteroide”), na forma de uma campanha de conscientização global onde pessoas de todo o mundo se reúnem para compartilhar conhecimento sobre asteroides e aprender como proteger o nosso planeta.

Vidros espalhados pelo chão após a onda de choque do meteoro de Chelyabinsk quebrar janelas de um teatro.
Vidros espalhados pelo chão após a onda de choque do meteoro de Chelyabinsk quebrar janelas de um teatro. Imagem: Nikita Plekhanov/Wikimedia Commons

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.