Conheça Spica, a estrela azulada visível no outono brasileiro
As duas estrelas que compõem Spica – o astro mais brilhante da constelação de Virgem – são mais brilhantes e maiores do que o nosso Sol, sendo um bom alvo para binóculos e telescópios.
Spica – também chamada de “Espiga” ou “Alpha Virginis” – é a estrela mais brilhante da constelação de Virgem. Ela também é a 16ª estrela mais brilhante do céu noturno, sendo facilmente observável no Brasil entre os meses de fevereiro e julho.
Apesar de parecer como apenas uma estrela branca-azulada no céu, o sistema de Spica é, na verdade, formado por duas estrelas. Os dois corpos estão muito próximos um do outro, completando uma órbita em apenas quatro dias.
Esta é uma das estrelas binárias massivas mais próximas do Sistema Solar, localizadas a cerca de 250 anos-luz da Terra.
O sistema binário de Spica
A estrela primária do sistema – a Spica A – é uma subgigante azulada pertencente à classe espectral B1 III-IV, tendo uma massa 11 vezes maior do que o Sol, raio 7 vezes o solar e sendo 12 mil vezes mais luminosa que a nossa estrela. Estima-se que ela tenha idade de 12,5 milhões de anos e possui massa suficiente para terminar a sua vida em uma explosão de uma supernova do tipo II.
Spica A também é classificada como uma variável Beta Cephei, que possui variações de brilho ao longo de um período de 0,1738 dias. Sozinha, ela é responsável por cerca de 80% da luminosidade produzida no sistema estelar.
Já Spica B pertence à classe espectral B2B, ela está na sequência principal. Ela é menor, menos massiva e mais fria, tendo cerca de 7 massas solares e um raio quase 4 vezes maior que o Sol.
As duas estrelas estão distantes uma da outra por apenas 18 milhões de km. Com essa proximidade, a gravidade distorce ambas as estrelas, fazendo-as parecer um formato de ovo, com as extremidades pontiagudas voltadas uma para a outra. Elas estão tão próximas que não é possível vê-las separadas em um telescópio. Essa natureza binária só foi descoberta com a ajuda de estudos espectroscópicos.
Spica A e Spica B formam um sistema binário não eclipsante, com nenhuma estrela passando na frente da outra do nosso ponto de vista.
O sistema estelar também é uma enorme fonte de raios-X. Astrônomos acreditam que pelo menos alguns dos raios-X sejam produzidos por colisões dos ventos estelares das estrelas.
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Existem planetas no sistema?
Por mais que astrônomos já tenham encontrado planetas em sistemas binários, é improvável que eles existam em Spica. O motivo é que a alta temperatura das duas estrelas poderia vaporizar qualquer pedaço sólido de gelo ou rocha próximo a elas. Além disso, os fortes ventos solares podem ter “soprado” para longe os materiais que formariam planetas.
Porém, caso esses mundos existam, eles seriam extremamente difíceis de encontrar com as técnicas observacionais atuais. E, como Spica A deverá explodir em uma supernova em alguns milhões de anos, esses potenciais planetas também teriam vidas curtas.
Spica: o que significa?
O nome “Spica” vem da frase latina “spīca virginis”, que significa “espiga de grão de Virgem”.
Porém, a estrela recebeu vários nomes ao longo da história. Na Idade Média, por exemplo, a estrela recebeu os nomes derivados do árabe Azimech e Alarph, que significa “indefeso” e “vindimador”, respectivamente. Os antigos babilônios chamavam a estrela de Sa-Sha-Shirū, que significa “cinto da virgem”. Já os chineses a cahmavam de Jiao Xiu 1, uma estrela especial de primavera da constelação de Jiao Xiu.
Acredita-se que Spica seja uma das estrelas que o astrônomo Hiparco (160 – 120 aC) utilizou para descobrir o movimento da Terra de precessão dos equinócios. Mais tarde, Spica também foi utilizada por Nicolau Copérnico para estudar a precessão.
Durante a história, vários templos foram orientados na direção de Spica, entre eles, um templo para Menat, em Tebas, por volta de 3200 aC; o templo do Sol em Tell el-Amarna, em 2.000 aC; dois templos em Rhamnus, na Grécia, em 1092 e 747 aC; entre outros. Isso demonstra que culturas antigas já deveriam conhecer o movimento de precessão muito antes de Hiparco.
Como localizar a estrela Spica no céu?
A melhor época para observar Spica é entre os meses de dezembro e setembro, principalmente durante o outono no Brasil, quando a estrela fica alta no céu.
A estrela tem magnitude de 1,04 e fica próxima da constelação de Hidra, podendo ser encontrada facilmente com a ajuda das constelações de Boieiro, Leão, Escorpião e do Cruzeiro do Sul, conforme visto na imagem abaixo.
Como Spica é a única estrela brilhante em uma região do céu que é pobre de estrelas com forte brilho, é bastante fácil encontrá-la. Inclusive, Spica forma um triângulo no céu com as estrelas Arcturus, do Boieiro, e Denebola, de Leão, o que facilita ainda mais a localização.
A cor azulada intensa faz dela uma boa estrela para observar por meio de binóculos e telescópios.
Caso encontre alguma dificuldade, é possível localizar a estrela através de cartas celestes ou aplicativos para celular, como o Stellarium, SkyMap ou SkySafari.
Curiosidades sobre Spica
- Spica é uma das 58 estrelas mais brilhantes do céu utilizadas para navegação marítima, permitindo calcular a latitude e longitude.
- Por estar a apenas 2,06 graus da eclíptica, a estrela pode ser ocultada pela Lua e, raramente, por planetas. A última vez que Spica foi ocultada por um planeta foi em 10 de novembro de 1738, quando o Vênus passou na frente da estrela. A próxima ocultação – também por Vênus – seria em 2 de setembro de 2197.
- A estrela Spica está presente na bandeira do Brasil. Ela é a única que está acima da faixa branca do “Ordem e Progresso” e representa o estado do Pará.
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