Como encontrar a constelação de Virgem no céu noturno
Confira as curiosidades e dicas de observação desta constelação zodiacal.
A constelação de Virgem é um dos padrões de estrelas mais antigos conhecidos do céu. Durante a história, a constelação foi associada ao conceito de fertilidade e também à época de plantio desde a antiguidade. Virgem é a segunda maior constelação do céu – depois de Hidra Fêmea -, ocupando uma área de 1294 graus quadrados.
Ela também é uma constelação zodiacal, o que significa que Virgem está próxima da eclíptica – a trajetória aparente do Sol pelo céu, consequência do movimento de translação do nosso planeta.
A constelação abriga Spica, a 16ª estrela mais brilhante do céu noturno. Virgem também possui um aglomerado de galáxias que astrônomos amadores podem explorar com bons telescópios.
Encontrando a constelação de Virgem
A constelação de Virgem é vista no Brasil durante boa parte do ano, perto da constelação do Boieiro e ao lado de Leão.
Entretanto, ela é mais visível no outono e no inverno, quando ela fica mais alta no céu. Dependendo da localização do observador, em parte dos meses de outubro e novembro ela não é observável no país.
A maneira mais fácil para encontrar Virgem no céu noturno é por meio da constelação de Escorpião, que se destaca no céu pela brilhante estrela vermelha Antares, além de apresentar um formato característico de um escorpião.
Ao localizar Antares, trace uma linha reta imaginária que passa pelo meio da cabeça do Escorpião. Ao estender essa linha, ela passará por dentro da constelação de Libra, que lembra o formato de um quadrilátero, formado por 4 estrelas de pequeno brilho.
Se essa linha for estendida além de Libra, você notará uma estrela brilhante: Spica, a de maior magnitude de Virgem. Após avistar a Spica, você pode identificar o resto da constelação.
Por mais que a figura tenha sido associada à de uma mulher, a constelação de Virgem parece com um “carrinho de mão” feito de estrelas.
Você também pode encontrar a constelação de Virgem utilizando um aplicativo para celular do tipo planetário, que apresenta um mapa do céu em tempo real. O Futuro Astrônomo já fez um artigo listando alguns apps para smartphones (disponível aqui).
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História da constelação de Virgem
A constelação de Virgem foi catalogada pela primeira vez pelo astrônomo grego Ptolomeu, no século II. Ela é geralmente associada à deusa grega da justiça, Dike.
Dike era filha de Zeus e da titã Têmis. Virgem é geralmente representada com uma espiga de trigo na mão esquerda, marcada pela estrela Spica. Em algumas representações ela também aparece com asas de anjo.
Ao longo da história, a maioria das culturas interpretou a constelação na forma de uma figura feminina. Para os babilônios, a constelação representava a deusa Astarte. Durante a Idade Média, a igreja viu na constelação a figura de Virgem Maria. Já os romanos viram a deusa Ceres na forma de Virgem.
Para os índios brasileiros Tucanos – da região noroeste do estado do Amazonas – as estrelas das constelações de Virgem e Cabeleira de Berenice formavam a figura de uma garça.
Os principais objetos de Virgem
Virgem conta com nove estrelas principais, sendo Spica a de maior destaque. Ela é uma estrela binária localizada a cerca de 250 anos-luz da Terra. Como Spica está muito perto da eclíptica, a estrela é ocasionalmente ocultada pela Lua.
A estrela Spica também pode ser ocultada por planetas, entretanto, este é um fenômeno extremamente raro. A última vez que isso ocorreu foi em 1783, quando a estrela foi ocultada por Vênus. A próxima ocorrerá apenas em 2197 (também por Vênus).
A constelação também possui 20 estrelas com exoplanetas identificados. Entre elas, está 70 Virginis – distante 58 anos-luz da Terra e que tem pelo menos um planeta com mais de 7 vezes a massa de Júpiter – e 61 Virginis – um sistema de múltiplo com três planetas a 28 anos-luz de distância. Essas duas estrelas não são visíveis a olho nu.
A constelação também está repleta de galáxias, sendo visíveis na região que faz fronteira entre Virgem e a Cabeleira de Berenice. Entretanto, é preciso de telescópio para localizá-las.
O observador pode observar o Aglomerado de Virgem, uma enorme coleção de galáxias que inclui o Grupo Local, e que contém nossa própria Via Láctea. O aglomerado contém cerca de 1.300 galáxias, podendo chegar a até 2.000.
O maior objeto do aglomerado é M87, uma galáxia elíptica gigante que fica a cerca de 60 milhões de anos-luz de distância. Foi desta galáxia que foi captada a primeira foto de um buraco negro supermassivo.
A galáxia mais brilhante é M49, uma galáxia com magnitude visual de 9,4 e está localizada a 55,9 milhões de anos-luz da Terra.
Ainda em Virgem, está localizada a famosa e bela Galáxia do Sombrero, espiral não barrada com magnitude visual de 8,98, a aproximadamente 29,3 milhões de anos-luz de distância. Ela pode ser facilmente vista em um telescópio amador.
Curiosidades sobre a constelação de Virgem
A estrela Spica é uma das estrelas que eram utilizadas para navegação quando ainda não existiam os sistemas de GPS. Ao medir a direção dela e efetuar cálculos, era possível estabelecer a latitude e longitude.
Além disso, acredita-se que Spica também tenha desempenhado um papel importante na descoberta do movimento de precessão da Terra, que consiste na mudança do eixo de rotação do nosso planeta. Ao medir a posição de Spica e de outras estrelas brilhantes e compará-las com medições anteriores de dois séculos antes, o astrônomo grego Hiparco descobriu que a estrela havia se movido dois graus, o que o levou a concluir que a taxa de precessão era de pelo menos um grau a cada século.
Outra curiosidade é que a Spica está representada na bandeira do Brasil, com a estrela simbolizando o estado do Pará. Ela é a única estrela acima da faixa branca da bandeira brasileira.
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