Estudo resolve mistério do ‘sinal alienígena’ de Próxima Centauri

Intrigante sinal de estrela próxima alimentou esperanças de que não estamos sozinhos no Universo.

Estudo resolve mistério do ‘sinal alienígena’ de Próxima Centauri

No ano de 2019, um sinal de rádio que parecia vir de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sistema Solar, chamou a atenção de astrônomos. A emissão era claramente de origem não natural, o que poderia indicar que ele poderia ter sido produzido por uma civilização alienígena.

A descoberta foi feita pelo programa Breakthrough Listen, uma pesquisa de ponta que – assim como o SETI – está empenhada em detectar comunicações de extraterrestres inteligentes na nossa galáxia. Em homenagem ao programa, o sinal foi batizado de “Breakthrough Listen Candidate 1”, ou apenas BLC1.

O sinal era estreito em frequência, com um tom mais puro do que qualquer processo natural poderia produzir. Mais do que isso, ele mudou de frequência, o que indicava que ele estava se movimentando pelo espaço.

Como a antena estava apontada para Proxima Centauri, o BLC1 capturou a imaginação dos pesquisadores e do público geral, pois alguns anos antes foi descoberto que a estrela possuía pelo menos dois planetas, sendo que um deles é potencialmente habitável.

Este foi o primeiro sinal detectado que mereceu um acompanhamento sério dos pesquisadores do programa. Porém, quando o Breakthrough Listen observou Proxima Centauri novamente em 2020 e em 2021, o BLC1 havia desaparecido.

A verdadeira origem do ‘sinal extraterrestre’

Não há dúvidas de que o sinal de 2019 foi produzido por alguma fonte tecnológica. Porém, no início desta semana, pesquisadores do Breakthrough Listen publicaram um novo estudo em que eles propõem que provavelmente o sinal teve origem na Terra e não em Proxima Centauri.

Para chegar a essa conclusão os cientistas tiveram muito trabalho.

Primeiro, eles procuraram aparelhos eletrônicos conhecidos na Terra que poderiam transmitir intencionalmente um sinal na mesma frequência do BLC1. Como não encontraram nada, eles verificaram satélites, sondas espaciais e até mesmo asteroides, que poderiam refletir as ondas de rádio da Terra. Também não encontraram nada.

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Após, os pesquisadores do Breakthrough Listen vasculharam os arredores do observatório por qualquer coisa que teoricamente pudesse ter produzido a interferência, desde pessoas caminhando com dispositivos no bolso, um carro em uma rodovia ou um avião passando no horizonte. Novamente, não descobriram nada.

Até que a equipe teve a ideia de procurar sinais semelhantes ao BLC1. Afinal, se ele fosse realmente genuíno, ele não deveria ser detectado em outras estrelas. Foi aí que eles descobriram dezenas de “sósias” do sinal em outras estrelas, parecidos com o BLC1, mas com frequências diferentes.

A partir desse resultado, os pesquisadores concluiram que o BLC1 era algum tipo de interferência de rádio produzido por alguma fonte terrestre.

Provavelmente, o sinal de era algum dispositivo eletrônico de última geração interferindo em si mesmo, e produzindo ondas de rádio fracas. O palpite dos cientistas é que este dispositivo estava a dezenas ou mesmo centenas de km de distância do radiotelescópio.

Nem tudo está perdido

Por mais que tenha sido frustrante descobrir que o BLC1 não era genuíno, os pesquisadores do Breakthrough Listen tiveram que desenvolver uma série de novas ferramentas que serão úteis quando forem encontrados outros sinais interessantes.

“Se houver um sinal, estamos perto de sermos capazes de detectá-lo”, disse Michael Garrett, do Breakthrough Listen, mas que não estava envolvido no estudo.

A meta do programa é analisar um milhão de estrelas em busca de sinais alienígenas. Atualmente, o Breakthrough Listen pesquisou apenas cerca de mil estrelas. Então, ainda há muito trabalho pela frente.

“Um dia poderemos descobrir algo que realmente mudaria a forma como vemos a nós mesmos e o universo”, afirmou Garrett, esperançoso.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.