Voyager 2: A única sonda a visitar Netuno
Planeta foi visitado há mais de 30 anos.
Netuno é o oitavo e o mais distante planeta do Sistema Solar, estando a mais de 2,7 bilhões de quilômetros do Sol. Diante dessa gigantesca distância, não é de se surpreender que apenas uma única sonda visitou o planeta.
Até o momento, somente a sonda Voyager 2 se aproximou de Netuno, sobrevoando o planeta no ano de 1989.
A sonda – lançada pela NASA – tinha como objetivo explorar os maiores e mais distantes planetas do Sistema Solar.
Inicialmente, a agência espacial pretendia lançar quatro sondas. Entretanto, por questões de custos, decidiu-se lançar apenas duas sondas gêmeas – a Voyager 1 e a Voyager 2 -, ambas em 1977.
Cada uma das duas espaçonaves estava equipada com uma câmera de TV colorida de varredura lenta para tirar imagens dos planetas e suas luas.
A espaçonave também tinha um conjunto de instrumentos para registrar dados magnéticos, atmosféricos, lunares, entre outros.
Diante da distância do Sol, a energia das sondas era fornecida por três geradores termoelétricos de radioisótopo de dióxido de plutônio.
Tour da Voyager 2 pelos planetas gasosos
A missão principal das duas sondas consistia em explorar apenas Júpiter e Saturno, mas como a Voyager 1 teve sucesso, a Voyager 2 também foi redirecionada para visitar Urano e depois Netuno, usando manobras de gravidade assistida.
A Voyager 2 sobrevoou Júpiter no ano de 1979, Saturno em 1981 e Urano em 1986. Uma curiosidade é que a passagem por Urano ocorreu na mesma semana do trágico acidente do ônibus espacial Challenger, o que acabou ofuscando a notícia do encontro com o planeta.
Após o encontro com Urano, a espaçonave realizou uma única correção de curso em 14 de fevereiro de 1986 – a maior já feita pela Voyager 2 – para colocá-la em uma trajetória precisa até Netuno.
Encontro com Netuno
O encontro da Voyager 2 com Netuno ocorreu às 00h56 (horário de Brasília) do dia 25 de agosto de 1989, quando a sonda passou a cerca de 4.800 quilômetros do topo das nuvens do planeta gigante.
Na época do sobrevoo, os 10 instrumentos a bordo ainda estavam funcionando mesmo após 12 anos de viagem pelo espaço.
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Os cientistas descobriram que o planeta era mais ativo do que se imaginava, apresentando ventos de 1.100 km/hora. Além disso, o hidrogênio foi considerado o elemento atmosférico mais comum, embora o metano seja o responsável por dar a aparência azulada do planeta.
A sonda também captou três formações atmosféricas em Netuno, entre elas a “Grande Mancha Escura”, mas que desapareceu quando o Telescópio Espacial Hubble fotografou o planeta cinco anos depois.
A Voyager 2 também descobriu quatro anéis ao redor de Netuno e seis novas luas – Proteu, Larissa, Despina, Galateia, Talassa e Náiade.
Dois terços de Tritão – a maior lua de Netuno e a mais fria do Sistema Solar – foram fotografados, revelando um “vulcão” de gelo de nitrogênio em sua superfície.
Viagem interestelar
Uma vez ultrapassado o sistema de Netuno, a sonda Voyager 2 seguiu a trajetória para fora do Sistema Solar, na direção da constelação do Telescópio.
Cerca de 56 milhões de quilômetros de distância de Netuno, os instrumentos da sonda foram colocados no modo de baixo consumo para economizar energia.
Porém, em novembro de 1998, 21 anos após o lançamento, a NASA desligou permanentemente todos os instrumentos não essenciais da sonda, deixando apenas sete instrumentos em operação.
Mais recentemente, em 10 de dezembro de 2018, a NASA anunciou que a sonda entrou no espaço interestelar , quando ela deixou de ser influenciada pelo vento solar.
Para manter a antena da sonda apontada para a Terra, a Voyager 2 disparou com sucesso seus propulsores de manobra para uma correção de trajetória, em 8 de julho de 2019. Nessa época, apenas cinco instrumentos ainda estavam funcionando.
Em 2022, a sonda já tinha ultrapassado a marca de 19 bilhões de km de distância da Terra.
Viajando a 15,4 km/s, a sonda levará cerca de 19.390 anos para atravessar um único ano-luz.
Eventualmente, não haverá eletricidade suficiente para alimentar nem mesmo um instrumento da sonda. Então, a Voyager 2 continuará silenciosamente sua jornada eterna entre as estrelas.
Próxima missão para Netuno
Em 2020, a NASA anunciou o desenvolvimento da missão Trident, uma sonda que será enviada para explorar o satélite Tritão.
Cientistas acreditam que o satélite de Netuno é dinâmico e mutável, com um fluxo constante de material orgânico “nevando” sobre a superfície.
Esse material é conhecido como tolina, um composto orgânico avermelhado que é formado pela ação da radiação ultravioleta sobre determinadas moléculas – provavelmente do nitrogênio que é expelido pelo satélite.
Investigar como Tritão mudou ao longo do tempo daria aos astrônomos uma melhor compreensão de como os corpos do Sistema Solar evoluem e funcionam ao longo do tempo.
A ideia é que a sonda seja enviada na direção de Netuno entre 2025 e 2026. A espaçonave usará a atração gravitacional de Júpiter como um estilingue direto para realizar um encontro com Tritão em 2038.
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