Júpiter capturou cometa e o colocou em uma órbita bizarra

Objeto recém descoberto está orbitando o Sol próximo do planeta gigante gasoso.

O astrônomo amador Sam Deen, utilizando um software do site de Dinâmica do Sistema Solar do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, descobriu que o cometa 2019 LD2 está preso em uma órbita estranha perto de Júpiter.

Com exceção do Shoemaker-Levy 9, que mergulhou na atmosfera de Júpiter em julho de 1994, este é o único cometa ativo conhecido que está orbitando o Sol próximo de um planeta do Sistema Solar.

Em junho de 2019, astrônomos do Sistema de Alerta Terrestre de Impacto de Asteroide (Atlas, na sigla em inglês), da Universidade do Havaí, descobriram o que parecia ser um asteroide fraco perto da órbita de Júpiter, recebendo o nome de 2019 LD2.

Mais tarde, a partir de novas observações, foi possível confirmar a natureza cometária desse objeto, com uma cauda fraca feita de poeira ou gás.

Na semana passada, a partir de observações de rotina de abril de 2020, Larry Denneau, astrônomo e engenheiro de software, chegou a anunciar que o 2019 LD2 era o primeiro cometa entre os asteroides troianos de Júpiter.

Esses asteroides seguem a mesma órbita que um planeta, mas ficam cerca de 60 graus à frente ou 60 graus atrás na órbita. A Terra tem pelo menos um e Netuno possui dezenas. Entretanto, Júpiter tem centenas de milhares.

Os asteroides próximos de Júpiter orbitam o Sol em dois enormes aglomerados, um enxame orbitando à frente do planeta (chamado de “Gregos”), e um enxame orbitando atrás dele (chamado de “Troianos”). Um terceiro grupo chamado “Hildas” deriva entre os aglomerados Gregos, Troianos e o terceiro ponto de Lagrange em frente ao Sol.

O 2019 LD2 foi encontrado entre os Gregos, mas novos cálculos mostram que a órbita do objeto é mais bizarra do que se esperava.

Ao fazer o cálculo de sua órbita, Sam descobriu que o cometa teve um encontro próximo com Júpiter, o que deixou sua órbita instável. Outro astrônomo amador, Tony Dunn, também encontrou resultados semelhantes.

O modelo mostra que o astro provavelmente era um Centauro, parte de uma família de asteroides do Sistema Solar Externo, com uma órbita chegando próximo de Saturno. Então, em 17 de fevereiro de 2017, ele passou cerca de 14 milhões de quilômetros de Júpiter, um encontro que enviou o cometa para uma estranha órbita.

Assim, embora ele esteja em uma órbita semelhante à Júpiter, ele não pode ser considerado um objeto troiano.

A projeção da órbita mostra que o cometa passará cerca de 18 milhões de quilômetros de Júpiter, em 13 de maio de 2028, o que deve alterar a sua órbita novamente.

Mas essa órbita não vai durar, porque colocará o astro em um novo encontro planetário muito mais próximo, de 3 milhões de quilômetros, em janeiro de 2063, perto o suficiente para causar um grande redirecionamento na direção do cometa.

Para onde vai o 2019 LD2 não está claro. As incertezas orbitais são grandes o suficiente para dificultar a previsão dos resultados desse futuro encontro. Quanto mais próximo o encontro, mais dramáticos os resultados podem ser.

O estudo da órbita desse cometa pode ajudar a entender as interações gravitacionais entre pequenos objetos e o gigante gravitacional, aprendendo como ocorreu o processo de formação do nosso Sistema Solar.

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