NASA diz que James Webb pode falhar de 300 maneiras diferentes

Novo telescópio espacial da agência é o mais complexo já construído. Confira como será o processo de implantação.

nasa diz que james webb pode falhar de 300 maneiras diferentes

Neste sábado de natal, 25 de dezembro de 2021, finalmente foi lançado ao espaço o Telescópio Espacial James Webb. Impulsionado pelo Ariane 5, às 9h50 (horário de Brasília) o telescópio se separou do foguete e começou a rumar até o ponto Lagrange 2, localizado a 1,5 milhão de km de distância da Terra.

Apesar do lançamento com sucesso e do desacoplamento bem-sucedido, ainda existe uma série de desafios a serem enfrentados, quando o telescópio precisa se auto desdobrar no espaço. A NASA afirma que existem mais de 300 itens que podem falhar durante esse procedimento.

Por mais que diversos obstáculos atrasaram a construção do novo telescópio espacial, os dias mais complicados da missão ainda estão por vir. No espaço, o telescópio terá que executar cerca de 50 implantações principais para garantir que ele se torne totalmente operacional.

Diferentemente do Telescópio Espacial Hubble, desenhado para receber missões de manutenção e upgrade, o James Webb não poderá ser consertado caso algo dê errado.

Segundo, Alphonso Steward, líder de sistemas de implantação do telescópio, a equipe diminui ao máximo o número de mecanismos de implantação. Entretanto, existem pelo menos 144 mecanismos que devem funcionar perfeitamente para garantir o uso planejado do telescópio.

“Como um objeto de origami, o dobramento e o desdobramento adequados são necessários para atingir uma forma específica. Encontramos o ponto ideal entre obter o controle que desejamos, com essas grandes membranas flexíveis, sem adicionar muitos pontos únicos de falha”, afirmou Steward.

Mesmo assim, o procedimento de implantação ainda possui 344 pontos de potenciais falhas, sendo que nem todos possuem sistemas de redundância para resolver potenciais problemas.

Primeiras implantações

As primeiras implantações já foram realizadas com sucesso.

Ainda no sábado, após 33 minutos da decolagem, o James Webb conseguiu estender com sucesso o painel solar para gerar energia e acionar os sistemas elétricos, de manobras do telescópio e de comunicação com a Terra.

Após 12 horas e meia da decolagem, o telescópio disparou durante 65 minutos os propulsores com o objetivo de fazer correções de curso e colocá-lo na trajetória para a sua órbita final.

Haverá três correções de cursos ao longo das próximas quatro semanas, sendo esta a principal.

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Próximas implantações

Confira abaixo a sequência de implantações programadas:

26 de dezembro de 2021: O conjunto de antenas do telescópio é girado para sua posição apontada para a Terra.

27 de dezembro de 2021: A segunda correção de curso será executada. Ela será de curta duração e dependerá de como foi o desempenho do foguete Ariane 5.

28 de dezembro de 2021: Essa é primeira grande implantação, que deverá estender a estrutura de proteção solar do telescópio, um procedimento que deve demorar cerca de cinco horas.

29 de dezembro de 2021: Uma torre será implantada para separar os espelhos e instrumentos do telescópio. Antes disso, vários dispositivos de liberação terão sido ativados e vários aquecedores, software e eletrônicos configurados para oferecer suporte para as implantações.

30 de dezembro de 2021: É a vez da membrana de proteção solar ser implantada. Segundo a NASA, esta é a parte mais crítica da missão, quando serão acionados 107 mecanismos de liberação – na forma de pinos. Cada um desses pinos precisa disparar na hora certa e ser ejetados para liberar as membranas de proteção solar.

31 de dezembro de 2021: Depois que todos os pinos do protetor solar forem removidos com sucesso, duas asas se estendem para puxar cada uma das camadas do protetor solar. Nos dois dias seguintes várias etapas completam as liberações finais da membrana, bem como tensiona as cinco camadas da proteção solar.

4 de janeiro de 2022: A ótica do Webb vai se desdobrar e travar no tripé que segura o espelho secundário. O espelho secundário desempenha um papel importante em refletir a luz do espelho principal para onde os instrumentos estão, atrás do espelho principal.

5 de janeiro de 2022: O radiador será implantado atrás do espelho, com o objetivo de resfriar os instrumentos científicos.

6 de janeiro de 2022: O espelho primário começará a ser implantado.

7 de janeiro de 2022: Após 13 dias da decolagem, as implantações em grande escala são concluídas, com o telescópio ganhando a forma como vemos em ilustrações artísticas da missão.

9 de janeiro de 2022: Começa o procedimento de ativar e mover cada um dos 18 segmentos do espelho primário do telescópio (que são ajustáveis) para fora de sua configuração de lançamento. A operação demora até 9 dias.

23 de janeiro de 2022: Finalmente, no 29° dia após o lançamento, o Webb disparará seus propulsores mais uma vez para entrar na órbita planejada, encerrando o processo de implantação.

O procedimento mais detalhado pode ser acompanhado no vídeo abaixo (em inglês):

O Telescópio Espacial James Webb foi construído a partir de uma parceria entre a NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadense (CSA).

Ele é o maior e mais complexo telescópio já enviado ao espaço – operando na faixa do infravermelho – e será utilizado para estudar a origem e evolução do Universo, observar planetas ao redor de outras estrelas, assim como resolver mistérios do nosso Sistema Solar.

O James Webb levou 25 anos para ser construído e lançado e custou à NASA US$ 9,7 bilhões.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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