NASA lançará missão para desviar trajetória de asteroide
Teste de tecnologia busca proteger a Terra de potenciais impactos no futuro.
Em novembro de 2021, a NASA pretende lançar uma missão ousada com o objetivo de atingir um asteroide com uma sonda. A ideia é testar a tecnologia necessária para desviar a trajetória de objetos perigosos que poderiam se chocar contra a Terra.
Batizada de DART (sigla em inglês de “Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo”), a missão consiste em enviar uma sonda de 500 kg para se chocar contra o asteroide binário Didymos. O sistema é formado por dois objetos, com o menor (de 160 metros de diâmetro) orbitando o maior (de 780 metros).
A sonda do tamanho de um carro se chocará com a rocha menor, batizada de Dimorphos, a uma velocidade de 6,6 km/s (quase 24 mil km/hora), gerando uma explosão equivalente a cerca de 3 toneladas de TNT (trinitrotolueno).
O DART utilizará uma câmera a bordo para navegar de forma autônoma, visando o centro da lua, com o objetivo de transmitir a maior quantidade de força para alterar sua órbita. Isso nunca foi feito antes, mas é algo fundamental em uma futura missão real de desvio de um asteroide perigoso.
É esperado que o impacto gerado pelo DART altere a velocidade orbital da lua em cerca de meio milímetro por segundo, o suficiente para encurtar o período orbital em alguns minutos.
Segundo explica Phil Plait, por mais que pareça uma pequena diferença, um “peteleco” do tipo pode ser suficiente para desviar um perigoso e distante asteroide que estaria vindo em nossa direção. É claro, se o atingirmos com uma grande antecedência.
“Estamos fazendo isso para ter a capacidade de prevenir um desastre natural verdadeiramente catastrófico”, disse Tom Statler, cientista do programa DART.
Porém, de acordo com um novo estudo, o DART pode gerar um resultado totalmente imprevisível. Segundo simulações, por mais que a órbita sofra uma pequena mudança, a rotação da lua poderia começar a se deteriorar e se tornar caótica.
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Quem já brincou com um pião de brinquedo já deve ter reparado que ele fica estável quando está em alta velocidade. Porém, ao diminuir a rotação, o brinquedo começa a chacoalhar para todos os lados. O mesmo pode ocorrer com o pequeno asteroide.
Nas simulações, essas oscilações de Dimorphos poderiam aumentar com o tempo, tornando o giro incontrolável em poucas semanas, com os efeitos permanecendo por décadas ou mesmo séculos. Além disso, o impacto enviaria milhares de fragmentos para o espaço.
Obviamente, tudo isso não colocaria em risco a Terra, mas poderia atrapalhar os planos futuros da Agência Espacial Europeia (ESA) de pousar duas sondas da missão Hera no Dimorphos, cinco anos depois, justamente para verificar se a missão do DART realmente funcionou. Com a rotação caótica, as sondas poderiam “pular” durante a tentativa de pouso e não chegar aonde os cientistas planejaram.
Além disso, se impactos do tipo gerarem movimentos caóticos em asteroides, poderá tornar mais complicado as missões futuras de defesa planetária. O estado de rotação do asteroide pode afetar outras propriedades, como a quantidade de luz solar que eles refletem, o que pode tornar a sua trajetória imprevisível.
“Não é tão simples quanto lançar uma espaçonave contra o asteroide”, diz o astrônomo Paul Wiegert, da University of Western Ontario, nos Estados Unidos. “Há muita física que você precisa entender.”
Lançamento da Missão DART
O asteroide binário Didymos possui uma órbita elíptica que o leva potencialmente a se aproximar a 6 milhões de km da Terra. Como ele tem mais de 140 metros de largura e se aproxima a menos de 7,5 milhões de km de nosso planeta, ele entra na categoria de “asteroides potencialmente perigosos”.
O DART será lançado a bordo do foguete Falcon 9, da SpaceX, com a janela de lançamento iniciando em 24 de novembro de 2021 ou em fevereiro de 2022. A expectativa é que a sonda intercepte a lua de Didymos em setembro de 2022, quando ele estará a 11 milhões de km da Terra. Com essa distância, será possível observar o impacto por telescópios terrestres e radares planetários.
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