Constelação de Órion: Curiosidades e dicas de observação

Grande constelação conta com estrelas brilhantes, belas nebulosas e famoso asterismo.

Constelação de Órion: Curiosidades, objetos e dicas de observação

A constelação de Órion é uma das mais brilhantes e conhecidas do céu noturno. Ela é facilmente reconhecível graças às estrelas perfeitamente alinhadas Mintaka, Alnilam e Alnitak, popularmente chamadas no Brasil de “As Três Marias”.

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Localizada no equador celeste, ela pode ser vista em todo o mundo. No Brasil, ela é observável durante boa parte do ano, principalmente durante o verão.

O nome da constelação vem de Órion, o caçador da mitologia grega – filho do deus do mar, Poseidon – e que tinha como principais características a fogosidade amorosa e a grande habilidade para a caça.

Órion é retratado em mapas estelares modernos como enfrentando um ataque de Touro (a constelação vizinha), perseguindo as irmãs das Plêiades (representadas pelo famoso aglomerado aberto) ou a Lebre (constelação de Lebre), com seus dois cães de caça (constelações de Cão Maior e Cão Menor).

Como a constelação foi nomeada a partir do hemisfério Norte, a representação do caçador aparece de cabeça para baixo no hemisfério Sul.

Mapa celeste da Constelação de Órion.
Mapa celeste da Constelação de Órion. Imagem: Stellarium/Reprodução

Representações de Órion ao longo da história

A aparência de um homem, assim como o perfeito alinhamento das estrelas do Cinturão de Órion, chamou a atenção da humanidade desde a antiguidade, com a constelação sendo representada por diferentes povos.

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A representação mais antiga da figura de Orion é de uma escultura pré-histórica feita em um pedaço de marfim de mamute do Período Aurignaciano. Encontrada no vale de Ach, na Alemanha, ela foi feita a aproximadamente 35 mil anos.

De acordo com pesquisadores, a figura de um humano esculpida remete à constelação por apresentar uma cintura fina, que se assemelha à constelação de Órion. Além disso, a escultura conta com uma espada pendurada na cintura, e a perna esquerda é um pouco mais curta que a direita, assim como na constelação.

Escultura da constelação de Órion do Período Aurignaciano.
Escultura da constelação de Órion do Período Aurignaciano. Imagem: Don Hitchcock

Os sumérios – que governavam a região mais ao sul da Mesopotâmia – via na figura da constelação o herói Gilgamesh, um rei histórico que governou a cidade suméria de Uruk em algum momento entre 2700 e 2500 aC.

Na Babilônia, em 2334 aC, os astrônomos da época catalogaram a constelação como MULSIPA.ZI.AN.NA, que significava o “Verdadeiro Pastor de Anu”, referindo-se à divindade assistente suméria Ninshubur, que serviu como mensageiro para Anu, o deus do céu e governante supremo do céu.

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Para os antigos egípcios, Orion era originalmente considerado como o deus Sah, o “pai dos deuses”, com o Cinturão de Órion sendo a coroa do deus. Algumas de suas pirâmides foram apontadas para as Três Marias, pois os egípcios acreditavam que os deuses descendiam das três estrelas.

Já no Brasil, os povos indígenas juntavam as estrelas de Órion e Touro para representar a imagem de um “Homem Velho”, com as Três Marias formando o pé esquerdo da figura. O aparecimento dessa constelação no céu era importante, pois marcava a chegada do solstício de Verão no Brasil e o início de um novo ano para os índios Guarani.

Representação da constelação indígena "Home Velho", com as estrelas do Cinturão de Órion representando o pé esquerdo da figura. Imagem: Espaço Ciência/Reprodução
Representação da constelação indígena “Homem Velho”, com as estrelas do Cinturão de Órion representando o pé esquerdo da figura. Imagem: Espaço Ciência/Reprodução

Curiosidades sobre a constelação de Órion

Órion é a 26ª maior constelação do céu e a 15ª maior entre as constelações equatoriais, ocupando uma área de 594 graus quadrados. Ela é visível para observadores que estão entre as latitudes +85º e -75º.

A constelação é cercada pelas vizinhas Erídano, Gêmeos, Lebre, Unicórnio e Touro.

Órion é um bom ponto fixo de referência para localizar estrelas brilhantes próximas, como Sírius, no Cão Maior; Prócion, no Cão Menor; Pólux e Castor, em Gêmeos; Capela, no Cocheiro ou Aldebarã, no Touro.

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Existem duas chuvas de meteoros associadas à constelação, sendo a Orionídeos, chegando a uma taxa de 20 meteoros por hora durante o pico em 21 de outubro de cada ano; e a Orionídeos de Novembro, com taxa de 3 meteoros horários na máxima atividade em 28 de novembro.

A constelação contém cerca de 80 estrelas, sendo que duas delas estão entre as dez estrelas mais brilhantes do céu. Órion também possui várias nebulosas, um conhecido aglomerado e pelo menos sete estrelas com planetas já confirmados, entre elas CVSO 30 e PTFO8-8695b.

Constelação de Órion fotografada a partir de Kent, no Reino Unido. Imagem: Joseph Vary/Unsplash
Constelação de Órion fotografada a partir de Kent, no Reino Unido. Imagem: Joseph Vary/Unsplash

Os principais objetos para observar em Órion

A estrela mais brilhante da constelação é Rigel, que apresenta uma magnitude aparente de até 0,18, sendo a sétima mais brilhante do céu noturno. Ela representa o pé esquerdo do caçador Órion e está localizada a mais de 870 anos-luz da Terra. Rigel é uma supergigante azul com massa 17 vezes a do Sol. A estrela varia ligeiramente e de forma irregular a sua magnitude aparente em até 0,3 em um período de cerca de 22 a 25 dias.

Outra estrela brilhante de Órion é a famosa Betelgeuse – localizada no ombro direito do caçador -, uma gigante vermelha que os astrônomos acreditam que deverá explodir em uma supernova a qualquer momento nos próximos 100 mil anos. A estrela é a 10ª mais brilhante do céu noturno e está distante a cerca de 725 anos-luz da Terra.

Já as Três Marias – também chamadas de “Cinturão de Órion” – formam o asterismo mais familiar do céu noturno. Elas são três estrelas massivas e brilhantes, sendo que duas delas são supergigantes.

Acredita-se que as estrelas se formaram a partir da mesma nebulosa e têm aproximadamente a mesma idade – cerca de 4 milhões de anos. Entretanto, a estrela do meio, Alnilan, está muito mais distante (1.340 anos-luz), do que Mintaka (916 anos-luz) e Alnitak (736 anos-luz).

Órion também é famosa por conter várias nebulosas, como a Grande Nebulosa de Órion (Messier 42), a Nebulosa de Mairan (Messier 43) e a Nebulosa Cabeça de Cavalo, entre outras.

A Grande Nebulosa de Órion é uma das mais brilhantes do céu noturno, estando situada a 1.344 anos-luz. Ela é uma gigantesca região de formação estrela massivas que faz parte de um dos braços espirais de nossa Galáxia, o braço de Órion, onde se encontra o Sistema Solar. Ela pode ser vista até mesmo com binóculos ou pequenos telescópios, na posição onde fica a espada do caçador.

Foto da Grande Nebulosa de Órion.
Foto da Grande Nebulosa de Órion. Imagem: Alex Andrews/Pexels

A Nebulosa de Mairan pode ser encontrada logo acima das Três Marias. Por mais que ela seja mais fraca que a Grande Nebulosa de Órion, ela também pode ser vista com pequenos instrumentos, aparecendo como uma mancha alongada com um centro brilhante.

Já a Nebulosa Cabeça de Cavalo é outro berçário de estrelas, distante 1.500 anos-luz. Ela é facilmente reconhecível com a sua forma que se assemelha com a cabeça e pescoço de um cavalo quando observada da Terra.

A constelação de Órion também possui o Aglomerado do Trapézio, um jovem aglomerado estelar aberto localizado no centro da Grande Nebulosa de Órion. Para observá-lo é preciso de telescópios com pelo menos 120 mm de abertura, para conseguir ver seis estrelas do aglomerado. Ele é facilmente reconhecido porque as quatro estrelas mais brilhantes formam um trapézio.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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