Cientista cidadão descobre por acidente estranha anã marrom
Descoberta pode revelar uma população de objetos ocultos na nossa galáxia.
De acordo com um novo estudo, um objeto muito estranho foi descoberto vagando pela nossa galáxia em uma trajetória relativamente próxima ao nosso Sistema Solar. Trata-se de uma anã marrom, encontrada por acaso por um cientista cidadão. A descoberta pode revelar que existe uma população oculta de objetos antigos e frios viajando pela nossa galáxia.
O enigmático objeto foi batizado como WISEA J153429.75−104303.3. O nome vem do WISE, um telescópio espacial que observa o universo na faixa do infravermelho, e que captou as imagens do objeto. Ele foi descoberto com a ajuda de Dan Caselden, um cientista da computação que escreveu um software para caçar anãs marrons.
As anãs marrons são objetos com mais massa do que os planetas, mas não são pesadas o suficiente para iniciar a fusão nuclear (o processo que faz brilhar uma estrela). Apesar de teorizadas há décadas, a primeira anã marrom só foi descoberta em 1990.
Geralmente, encontrá-las é muito difícil, pois não emitem luz visível, mas brilham fracamente na faixa do infravermelho, devido ao calor interno da anã marrom. Por isso, é mais fácil encontrar aquelas que são mais jovens e que não estão muito distantes.
O software desenvolvido por Caselden removia objetos fixos nas imagens do WISE com o objetivo de encontrar mais facilmente uma anã marrom.
Enquanto ele analisava os dados de outro objeto, Dan percebeu um ponto extremamente fraco nas imagens que parecia estar se movimento muito rápido. Como o ponto não correspondia ao perfil de cor esperado para uma anã-marrom, o objeto passou despercebido pelo software. Por isso, a descoberta foi considerada como um grande acidente do acaso. Inclusive, a anã marrom foi apelidada de “The Accident” (“O Acidente”, em inglês).
O cientista cidadão notificou astrônomos sobre o achado, que prontamente recolheram dados sobre o objeto por meio do Telescópio Espacial Spitzer, assim como fizeram imagens dele por meio do Telescópio Espacial Hubble. A partir daí, foi possível estimar que ele estava a uma distância de 53 anos-luz da Terra, o que pode ser considerado como “bem perto” de nós.
Entretanto, os dados também revelaram algo estranho. A anã marrom não foi detectada por outras pesquisas porque não se parece com nenhuma das cerca de 2.000 anãs marrons que foram encontradas em nossa galáxia até agora.
Os astrônomos identificaram que a anã marrom misteriosa contém baixos níveis de metano, uma molécula comum em anãs marrons e que é formada a partir da combinação do carbono e do hidrogênio. Isso implica que esta anã marrom é extremamente velha, tendo entre 10 bilhões e 13 bilhões de anos, quando a galáxia ainda era jovem e tinha uma composição diferente, sendo quase inteiramente de hidrogênio e hélio.
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O que chama a atenção é que quanto mais velha for uma anã marrom, mais fria ela é, e, por consequência, menos elas brilham no infravermelho. Porém, o objeto apareceu fraco em alguns comprimentos de onda principais, indicando que era muito fria e antiga, mas brilhante em outros, como o vermelho, sugerindo uma característica de temperatura mais alta de uma anã marrom mais jovem.
Outro indício de sua longa idade é que ela está viajando no espaço a uma alta velocidade, de 200 km/s, muito superior a outras anãs marrons conhecidas. Conforme as estrelas orbitam a galáxia, elas encontram outras estrelas que podem acelerá-las gravitacionalmente. Uma estrela muito velha terá tido muitos desses encontros.
A descoberta faz com que os pesquisadores tenham que mudar a forma como procuram por esses objetos.
“Este objeto desafiou todas as nossas expectativas. Esta descoberta está nos dizendo que há mais variedade nas composições das anãs marrons do que vimos até agora. Provavelmente, existem mais estranhas por aí e precisamos pensar em como procurá-las”, explicou Davy Kirkpatrick, astrofísico da Caltech, nos Estados Unidos, e principal autor do novo estudo sobre o objeto.
A dúvida agora é: quantos objetos estranhos como este são comuns em nossa galáxia e que softwares como do cientista cidadão não estão sendo identificados?
A Via-Láctea tem mais de 120 mil anos-luz de diâmetro. Se apenas poucos objetos parecidos com o WISE 1534 existissem, as chances de encontrá-los tão perto de nós são quase infinitesimais. Por isso, pode ser que existam bilhões deles vagando pela nossa galáxia do que os cientistas pensavam anteriormente.
“Não é uma surpresa encontrar uma anã marrom tão velha, mas é uma surpresa encontrar uma em nosso quintal. Esperávamos que anãs marrons tão antigas existissem, mas também esperávamos que fossem incrivelmente raras. A chance de encontrar uma tão perto do sistema solar pode ser uma feliz coincidência, ou nos diz que são mais comuns do que pensávamos”, conclui Federico Marocco, astrofísico, também da Caltech, e coautor do estudo.
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