Astrônomos encontram estrelas que devoraram planetas
Estudo aponta que pelo menos uma em quatro estrelas semelhantes ao Sol engolem os planetas que as orbitam.
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu que pelo menos um quarto das estrelas semelhantes ao Sol canibalizam os planetas que as orbitam. A constatação é fruto de um novo estudo que analisou a composição química de estrelas do tipo solar em mais de 100 sistemas binários.
Geralmente, em um sistema binário, as duas estrelas são formadas a partir do mesmo material da nebulosa original e, portanto, elas deveriam ser quimicamente idênticas. Porém, quando um planeta é engolido por uma das estrelas, ele é dissolvido na região mais externa da estrela, o que acaba alterando a composição dessa região ao incluir elementos comuns em planetas rochosos, como é o caso do lítio.
Normalmente, o lítio é destruído no interior das estrelas. Por isso, se existe uma abundância anormal desse elemento químico em uma das estrelas é possível que um planeta tenha sido engolido no passado. Em 25% dos sistemas binários pesquisados, pelo menos uma das estrelas apresentou assinaturas de lítio.
As estrelas binárias estudadas estão localizadas em sistemas bem separados. Então, na maioria dos casos, elas se comportam de maneira independente. Portanto, a frequência de engolfamento de planetas nesses sistemas binários bem separados não deve ser muito diferente da frequência de estrelas isoladas como o Sol.
A frequência provavelmente aumenta se a estrela única (ou o sistema binário bem separado) faz parte de um aglomerado denso de estrelas, pois, nesse caso, seria mais comum a perturbação gravitacional pela passagem de estrelas próximas.
Segundo Lorenzo Spina, astrônomo do Observatório Astrônomo de Pádua e líder da pesquisa, o estudo abre a possibilidade para a busca por sistemas planetários parecidos com o nosso a partir do estudo da composição química de estrelas deficientes em elementos refratários, como o lítio ou o ferro.
A pesquisa está disponível no arXiv e será publicada na revista Nature. Esta foi a maior amostra de estrelas similares ao Sol já estudada em sistemas binários. Os resultados apontam que uma parcela significativa de estrelas do tipo solar tem um passado mais dinâmico do que é visto em nosso Sistema Solar, que preserva uma “arquitetura ordenada”.
VEJA MAIS
- Astrônomo brasileiro usa inteligência artificial para estudar estrelas
- Brasil vai inaugurar radiotelescópio no sertão da Paraíba
- Brasileiro registra possível impacto de asteroide em Júpiter
Entre os pesquisadores do estudo está o professor Jorge Meléndez, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Ele explicou ao Futuro Astrônomo que vários processos podem levar um planeta a cair em sua estrela.
“Devido à interação gravitacional entre os planetas e seu disco protoplanetário e a estrela central, os planetas podem acabar sendo engolidos pelas suas estrelas, especialmente nas fases iniciais de formação do sistema planetário, quando as órbitas são mais caóticas”, afirmou Meléndez.
“Para sistemas planetários mais evoluídos, o fenômeno também pode acontecer se o planeta migrou para uma região mais interna e acabou caindo na estrela central, ou devido a perturbação gravitacional de alguma estrela que passe nas proximidades do sistema planetário, o que pode resultar na ejeção do planeta fora do sistema, ou no engolfamento pela sua estrela”, completa o astrônomo.
No caso do Sistema Solar, o pesquisador afirma que o Sol não apresenta evidências de que ele já engoliu planetas no passado.
“É interessante que o Sol apresenta o efeito oposto ao observado nas estrelas anômalas em sistemas binários. Ao invés de apresentar uma maior quantidade de elementos característicos do engolfamento de planetas rochosos, observamos que o Sol não apresenta excesso desses elementos químicos. Isso significa que possivelmente o Sol não engoliu planetas, ou, pelo menos, não engoliu uma quantidade significativa de material planetário. Isso sugere que a arquitetura do Sistema Solar é relativamente estável, e essa estabilidade em longas escalas de tempo, pode ter favorecido o desenvolvimento da vida mais complexa em nosso planeta”, finaliza Meléndez.
*
💡 Já visitou a Lojinha do Futuro Astrônomo? Lá você encontra vários itens para quem é fã do espaço. Acesse aqui!
Camiseta da NASA
- Malha 100% Algodão
- Estampa Silk Screen
- Reforço de ombro e pontos correntes
Telescópio 130mm
- Desenho óptico do tipo refletor
- Montagem do tipo equatorial
- A distância focal é de 650mm
Pálido Ponto Azul
- Escrito por Carl Sagan
- Edição inclui caderno de imagens
- Best-seller mundial
Sobre o Autor