NASA inaugura novo sistema para caçar asteroides perigosos

Algoritmo mais preciso vai avaliar o risco de impacto de objetos que podem se aproximar de nosso planeta.

Ilustração artística de um asteroide próximo da Terra.
Ilustração artística de um asteroide próximo da Terra. Imagem: Pixabay

A NASA anunciou que colocou em operação um algoritmo batizado de Sentry-II, um sistema mais preciso de monitoramento de asteroides que possuem órbitas próximas da Terra.

O algoritmo de nova geração foi baseado no antigo Sentry, que está em uso pela agência há quase 20 anos. Com o novo sistema, será possível calcular rapidamente e com maior precisão a probabilidade de impacto de um asteroide recém-descoberto.

Segundo a agência espacial, quase 28 mil asteroides próximos à Terra já foram encontrados. Destes, o risco de 2.200 objetos potencialmente perigosos foi calculado pelo Centro de Estudos de Objetos Perto da Terra (CNEOS, na sigla em inglês), gerenciado pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA.

A agência explica que asteroides são corpos celestes extremamente previsíveis, que obedecem as leis da física e seguem caminhos orbitais reconhecíveis ao redor do sol. Conforme eles são descobertos por telescópios – a uma taxa de cerca de 3.000 por ano – é possível calcular as suas órbitas e descobrir a probabilidade de um potencial impacto.

Entretanto, para afastar quaisquer incertezas, é preciso utilizar softwares de monitoramento sofisticados.

Efeito Yarkovsky

Além da rapidez no cálculo, o Sentry-II também poderá analisar casos especiais que não eram considerados pelo Sentry original.

Conforme um asteroide viaja pelo Sistema Solar, a atração gravitacional do Sol e de outros planetas pode alterar a órbita do objeto de maneiras previsíveis. O antigo Sentry previa essas mudanças, mas não explicava outras variáveis que poderiam alterar a trajetória de um asteroide, como as forças térmicas causadas pelo calor do Sol.

Conforme um asteroide recebe a luz do Sol, a energia infravermelha é liberada à medida que o objeto esfria, gerando um impulso minúsculo, mas contínuo. Chamado de efeito Yarkovsky, esse fenômeno não tem muita influência no movimento do asteroide em curtos períodos, mas pode mudar significativamente seu caminho ao longo de décadas e séculos.

“O fato de o Sentry não conseguir lidar automaticamente com o efeito Yarkovsky era uma limitação. Cada vez que nos deparávamos com um caso especial – como asteroides Apophis , Bennu ou 1950 DA – tínhamos que fazer análises manuais complexas e demoradas. Com o Sentry-II, não precisamos mais fazer isso”, afirmou Davide Farnocchia, engenheiro de navegação do JPL.

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Além disso, outro problema do antigo algoritmo era que, às vezes, ele não podia prever com precisão a probabilidade de impacto de asteroides que passam por encontros extremamente próximos com a Terra.

O movimento desses objetos é significativamente desviado pela gravidade do nosso planeta, e as incertezas orbitais pós-encontro podem aumentar dramaticamente.

Nesses casos, os cálculos do antigo sistema poderiam falhar, exigindo intervenção manual. Já o Sentry-II não tem essa limitação.

Um estudo descrevendo o funcionamento do Sentry-II foi publicado no Astronomical Journal. O artigo também está disponível no arXiv.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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