Voyager 1 retoma estudos científicos após 6 meses offline

Dados científicos da sonda Voyager 1 demoram 22 horas e meia para chegar à Terra.

voyager 1
Imagem: NASA/Divulgação

A NASA anunciou que a Voyager 1 retomou o envio de dados científicos para a Terra, após um problema de comunicação com a sonda ocorrido em novembro do ano passado. Apesar de ter sido lançada em 1977, quatro instrumentos da sonda ainda fazem estudos sobre ondas de plasma, campos magnéticos e partículas do meio interestelar.

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Os instrumentos estavam “offline” há cerca de seis meses, desde que ocorreu uma falha técnica a bordo da espaçonave. Em 14 de novembro de 2023, a Voyager 1 começou a enviar dados científicos e de engenharia distorcidos, apesar de estar recebendo comandos e operando normalmente.

Em março, a equipe de engenharia da missão confirmou que o problema estava em um dos três computadores a bordo da sonda, batizado de FDS (Subsistema de Dados de Voo, na sigla em inglês). Ele é o responsável por empacotar os dados científicos e de engenharia, antes de serem transmitidos para a Terra.

Os engenheiros descobriram que um único chip responsável por armazenar uma parte da memória FDS era a causa da falha. Incapaz de consertar o hardware de uma sonda que está há 24 bilhões de quilômetros da Terra, a solução da NASA foi reescrever o código de programação da Voyager para evitar o uso do chip defeituoso.

Esse procedimento é demorado, uma vez que um sinal de rádio leva 22 horas e meia para chegar à Voyager 1, e outras 22 horas e meia para voltar à Terra. Em abril, o problema foi parcialmente resolvido, com a sonda enviando os primeiros dados úteis sobre a saúde e o estado dos sistemas de engenharia.

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Nas semanas seguintes, a agência realocou e ajustou as outras partes afetadas do software do computador da Voyager 1. Em 19 de maio, foi enviado o primeiro comando para que a sonda iniciasse o envio dos dados científicos, mas somente dois dos quatro instrumentos voltaram aos seus modos normais de operação. Agora, em junho, os quatro instrumentos estão retornando dados científicos utilizáveis.

“Esta é a primeira atualização de software de voo feita em uma espaçonave no espaço interestelar”, disse Linda Spilker, cientista do projeto Voyager.  “A última vez que realmente fizemos muito com o software de voo foi antes do lançamento [em 1977].” 

Apesar do conserto bem-sucedido, o problema no chip gerou outros efeitos secundários. Os engenheiros ainda precisam ressincronizar o software de cronometragem nos três computadores da sonda, para que eles possam executar comandos no momento certo. Além disso, é preciso fazer uma manutenção no gravador digital, que registra alguns dados científicos.

De acordo com a NASA, a irmã gêmea Voyager 2 continua operando normalmente. A expectativa da agência é que as sondas continuem a funcionar por (pelo menos) 10 anos.

Explorando o espaço interestelar

Atualmente, o principal fator que limita as operações das sondas Voyager é o sistema de geração de energia. Cada sonda utiliza geradores termoelétricos de radioisótopos alimentados por plutônio-238, que têm uma meia-vida de 88 anos. A degradação desses geradores tem feito a Voyager 1 perder cerca de quatro watts por ano.

Para contornar o problema, a NASA desliga sistemas não essenciais da sonda para poupar energia. Entre eles, estão os aquecedores que mantinham os instrumentos e outros componentes aquecidos. Isso significa que a espaçonave está esfriando.

Em algum momento no futuro, a agência terá que começar a desligar os instrumentos científicos. “Com um pouco de sorte, poderá ser possível continuar o recolhimento de dados pela sonda Voyager até a década de 2030”, explicou Spillker.

A esperança da cientista da missão é que as sondas continuem operando até 2027, quando será comemorado os 50 anos do lançamento de ambas missões. Por outro lado, caso elas ainda estejam operacionais até 2035, elas alcançarão a distância de 30 bilhões de quilômetros do Sol.

Hoje, a Voyager 1 e a Voyager 2 são os objetos construídos pelo homem mais distantes da Terra. Elas são as únicas sondas coletando dados diretamente do espaço interestelar, fora da heliosfera – a esfera de influência magnética e de vento solar criada pelo Sol.

A missão principal das duas sondas era sobrevoar os planetas Júpiter e Saturno. No caso da Voyager 2, ela também passou por Urano e Netuno.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.