Qual é a distância segura para estar de uma supernova?
Violenta explosão de estrelas pode ameaçar a vida em nosso planeta.
Uma “supernova” é o nome dado à explosão cataclísmica de estrelas ao fim de suas vidas. Durante esse processo, em apenas alguns segundos, a estrela emite mais energia do que o nosso Sol irradia ao longo de bilhões de anos – chegando a brilhar mais do que uma galáxia inteira.
Durante esses eventos espetaculares, a estrela emite grandes quantidades de raios X e raios gama, o que pode afetar a vida em planetas próximos, provocando grandes extinções em massa.
Segundo um estudo recente, um evento de extinção em massa ocorrido há 359 milhões de anos na Terra, entre os períodos Devoniano e Carbonífero, pode ter sido provocado por uma ou mais explosões de supernovas próximas do nosso planeta.
Existem dois tipos diferentes de supernovas conhecidas. As do tipo II são estrelas massivas envelhecidas que entram em colapso por falta de combustível.
Já as do tipo I acontecem quando uma pequena e fraca estrela anã branca colapsa devido à queda sobre ela do material de uma estrela companheira, gerando uma fusão nuclear descontrolada.
Segundo a NASA, para que a Terra sofra algum dano, a explosão estelar deve ocorrer a menos de 50 anos-luz do nosso planeta.
Felizmente, não há nenhuma estrela massiva capaz de se tornar uma supernova do tipo II dentro dessa distância e que poderia representar algum risco iminente para os humanos.
Por outro lado, o mesmo não se pode afirmar sobre as explosões do tipo I. Como as estrelas anãs brancas são fracas e difíceis de se encontrar, não é possível ter certeza se estamos totalmente seguros. Provavelmente existem algumas dessas estrelas dentro de 50 anos-luz, mas os astrônomos não tem conhecimento de nenhuma que está prestes a explodir.
O que aconteceria com nosso planeta?
Se uma supernova ocorrer a menos de 50 anos-luz do Sistema Solar, a Terra sofreria grandes efeitos.
Se a explosão ocorresse a 30 anos-luz de nós, por exemplo, os raios X e os raios gama destruiriam a nossa camada de ozônio, que nos protege dos raios ultravioletas do Sol. Quanto menos ozônio houver, mais luz ultravioleta atinge a superfície.
O efeito disso é que boa parte da vida terrestre seria afetada, provocando mutações genéticas, problemas no sistema imunológico e envelhecimento precoce dos seres vivos. A grande quantidade de raios ultravioleta também pode comprometer o processo de fotossíntese, impactando o sistema nutritivo das plantas e o seu crescimento.
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Além disso, o fitoplâncton e as comunidades de recifes seriam particularmente afetados. Isso esgotaria rapidamente e severamente a base da cadeia alimentar nos oceanos. Como esses organismos formam a base da produção de oxigênio na Terra e na cadeia alimentar marinha, qualquer interrupção significativa deles pode se transformar em um problema em todo o planeta.
A supernova próxima poderia ainda ionizar nitrogênio e oxigênio na nossa atmosfera, levando à formação de grandes quantidades de óxido nitroso, um gás que contribui significativamente para o aquecimento global e a mudança do clima no planeta.
A candidata mais próxima
Por enquanto, a única estrela candidata mais próxima conhecida que pode se tornar uma supernova no futuro é a IK Pegasi B. Ela faz parte de um sistema estelar binário localizado a cerca de 150 anos-luz do Sistema Solar.
No sistema, a IK Pegasi B é uma anã branca extremamente pequena e densa que está orbitando a IK Pegasi A – uma estrela da sequência principal parecida com o Sol.
Nos próximos bilhões de anos, quando a estrela A começar a evoluir para uma gigante vermelha, espera-se que ela cresça até um raio que fará o envelope gasoso cair sobre a estrela B, fazendo esta última explodir numa supernova.
Porém, o sistema está a uma distância segura do nosso planeta.
Explosões de estrelas recentes
Durante a história conhecida da humanidade, nenhuma estrela explodiu dentro de 50 anos-luz de distância.
A mais recente supernova visível a olho nu foi a Supernova 1987A, no ano de 1987. Ela estava cerca de 168 mil anos-luz de distância e ocorreu na Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia próxima da Via-Láctea.
Uma explosão mais próxima foi documentada por Johannes Kepler, em 1604. A “Supernova de Kepler” ocorreu a cerca de 20 mil anos-luz do nosso planeta, com brilho suficiente para ser visível durante o dia.
Tem também a explosão da estrela que deu origem à Nebulosa do Caranguejo, distante 6.300 anos-luz. A supernova foi registrada por astrônomos chineses e árabes no ano de 1054.
Até onde se sabe, essas três explosões não causaram efeitos na Terra.
Alguns astrônomos estimam que uma explosão de supernova a 10 parsecs (33 anos-luz) da Terra ocorre a cada 240 milhões de anos.
E Betelgeuse?
Em 2019, a famosa estrela Betelgeuse, da constelação de Órion, perdeu rápida e misteriosamente parte do seu brilho, o que levantou o sinal de alerta em astrônomos de que ela poderia estar prestes a explodir.
No fim, a explosão não ocorreu e um estudo apontou que essa perda de brilho pode ter sido provocada pela ejeção de uma grande quantidade de plasma no espaço pela estrela, o que bloqueou parte da luz de Betelgeuse que chega à Terra.
Contudo, astrônomos estimam que em algum momento nos próximos 100 mil anos, a estrela se tornará em uma supernova. Quando isso acontecer, Betelgeuse ficará muito brilhante por algumas semanas ou meses – talvez tão brilhante quanto a Lua Cheia -, sendo visível em plena luz do dia.
Porém, como a estrela está há 725 anos-luz, a explosão da supernova não deverá prejudicar a vida na Terra.
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