Mercúrio: tudo sobre o menor planeta do Sistema Solar
Confira curiosidades, mistérios e fatos interessantes sobre o planeta Mercúrio.
O planeta Mercúrio é um dos corpos celestes mais intrigantes e menos explorados do nosso Sistema Solar. Além de ser o planeta mais próximo do Sol e o menor em tamanho, Mercúrio possui características únicas que despertam não apenas a curiosidade de cientistas, mas também os fãs da astronomia.
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, orbitando a uma distância média de aproximadamente 58 milhões de quilômetros. Por ter um diâmetro de cerca de 4.880 quilômetros, ele é ligeiramente maior do que a Lua da Terra, tornando-se o menor planeta do Sistema Solar. Isso, claro, após a reclassificação de Plutão como um “planeta anão”.
Apesar do seu pequeno tamanho, Mercúrio é o segundo planeta mais denso, perdendo apenas para a Terra. Essa densidade elevada é devido a um enorme núcleo metálico, que compõe cerca de 85% do seu raio. Isso faz dele bem diferente de outros planetas.
Isso porque o núcleo, composto principalmente de ferro, possui um raio estimado de 2.074 quilômetros. A título de comparação, o manto e a crosta rochosa que envolvem o núcleo de Mercúrio têm apenas cerca de 400 quilômetros de espessura. Essa proporção incomum sugere que Mercúrio pode ter passado por um evento catastrófico em sua história inicial, possivelmente uma colisão gigante que removeu grande parte de seu manto original.
Superfície do planeta Mercúrio
A superfície mercuriana tem um tom marrom-acinzentada, sendo marcada por milhares de crateras de impacto, resultantes de colisões com asteroides e cometas ao longo de bilhões de anos. Aliás, a paisagem lembra muito a da Lua, com vastas planícies cheias de crateras.
Porém, diferentemente da nossa Lua, Mercúrio apresenta falhas geológicas chamadas de escarpas lobadas, algumas com centenas de quilômetros de extensão e até um quilômetro de altura. Essas formações são evidências de algo curioso: o planeta está encolhendo! Isso porque, conforme o seu núcleo esfria e solidifica, está ocorrendo uma contração da crosta do planeta.
Uma das estruturas mais notáveis da superfície de Mercúrio é a Bacia Caloris, uma enorme cratera de impacto com cerca de 1.550 quilômetros de diâmetro. Ela foi formada há bilhões de anos, sendo cercada por anéis de montanhas e preenchida por planícies lisas que podem ter origem vulcânica.
Esse impacto foi tão forte que ele teve repercussões, até mesmo, no outro lado do planeta. No lado oposto da Bacia Caloris, vemos uma região de terreno caótico, possivelmente formado pela concentração de ondas sísmicas geradas pelo impacto que criou a bacia.
Atmosfera de Mercúrio
Assim como a Lua, Mercúrio também não possui uma atmosfera significativa. Em vez disso, possui uma exosfera extremamente fina composta de átomos liberados da superfície pelo vento solar e por micrometeoritos. Ela é composta principalmente por elementos como oxigênio, sódio, hidrogênio, hélio e potássio.
Como o planeta Mercúrio não tem uma atmosfera densa, ele não consegue reter calor em sua superfície, o que resulta em variações bruscas e extremas de temperatura. Durante o dia, as temperaturas podem alcançar impressionantes 430°C, enquanto à noite podem cair para congelantes -180°C.
Apesar das altas temperaturas diurnas, acredita-se que Mercúrio possua depósitos de gelo de água em crateras permanentemente sombreadas em seus polos norte e sul. Essas regiões nunca recebem luz solar direta devido à inclinação quase inexistente do eixo de rotação do planeta.
Aliás, observações da sonda Messenger, da NASA, confirmaram a presença de água gelada, protegida por uma camada de material orgânico escuro que atua como isolante térmico.
Rotação e translação
Vale destacar que a rotação em Mercúrio é bem lenta, durando cerca de 59 dias terrestres. Por outro lado, o planeta demora 88 dias para dar uma volta ao redor do Sol. Além disso, Mercúrio tem a órbita mais excêntrica entre os planetas do Sistema Solar, variando sua distância do Sol entre 46 e 70 milhões de quilômetros.
Devido a essa configuração orbital, o sol tem um movimento bastante estranho no céu de Mercúrio. Um astronauta na superfície do planeta poderia ver o sol se mover mais devagar em determinado período, além de permanecer quase parado no céu por vários dias. E mais: seria possível observar o sol se deslocar para trás – como se “andasse de marcha ré” – antes de retomar seu caminho habitual no céu.
Na prática, um dia solar em Mercúrio (o tempo entre dois meios-dias solares sucessivos) dura 176 dias terrestres, o que é equivalente a dois anos mercurianos.
Já o eixo de rotação de Mercúrio é praticamente perpendicular ao plano de sua órbita, com uma inclinação de 0 graus. Isso significa que o planeta não tem estações como acontece aqui na Terra.
As regiões polares também permanecem em condições de iluminação constante, com o Sol sempre baixo no horizonte, contribuindo para as temperaturas extremamente baixas observadas nas crateras sombreadas.
Apesar da dificuldade em vê-lo, Mercúrio era conhecido pelo menos na época dos sumérios, há cerca de 5.000 anos. Na Grécia Clássica, era chamado de Apolo quando aparecia como uma estrela da manhã pouco antes do nascer do sol, e Hermes — o equivalente grego do deus romano Mercúrio — quando aparecia como uma estrela da noite logo após o pôr do sol.
Campo magnético
Surpreendentemente, Mercúrio possui um campo magnético global, embora seja apenas cerca de 1% da força do campo magnético terrestre. A existência deste campo é, no mínimo, intrigante, considerando o tamanho pequeno do planeta e sua rotação lenta.
Astrônomos acreditam que o campo magnético seja gerado por um dínamo no núcleo externo líquido de Mercúrio. Observações sugerem que o núcleo ainda está parcialmente fundido, o que permite a circulação de material condutor e a geração do campo magnético.
Além disso, o campo magnético interage com o vento solar, criando uma magnetosfera dinâmica ao redor do planeta. Essa interação pode resultar em tornados magnéticos que canalizam partículas solares energéticas para a superfície, contribuindo para a liberação de átomos que formam a exosfera.
Exploração de Mercúrio
Até o momento, apenas três missões espaciais visitaram o planeta Mercúrio:
Mariner 10: Lançada pela NASA em 1973, a Mariner 10 foi a primeira sonda a sobrevoar Mercúrio, realizando três aproximações entre 1974 e 1975. A sonda mapeou cerca de 45% da superfície e descobriu o campo magnético do planeta.
Messenger: Também uma missão da NASA, a sonda foi lançada em 2004 e entrou em órbita ao redor de Mercúrio em 2011. Durante quatro anos, a sonda mapeou todo o planeta, analisou sua composição química, estudou o campo magnético e confirmou a presença de gelo nos polos. A missão terminou em 2015, quando a sonda esgotou seu combustível e impactou a superfície de Mercúrio.
BepiColombo: Uma colaboração entre a ESA (Agência Espacial Europeia) e a JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão), a missão foi lançada em 2018, programada para entrar em órbita ao redor do planeta em 2025, onde realizará estudos detalhados de sua superfície, magnetosfera e composição interna. No vídeo abaixo, a ESA disponibilizou imagens de um sobrevoo da sonda BepiColombo sobre o planeta, ocorrido em 4 de setembro de 2024, antes dela entrar em órbita do planeta:
Vale ressaltar que, devido à proximidade com o Sol, não é nada fácil enviar sondas para o planeta Mercúrio. Isso porque elas precisam suportar temperaturas extremas e intensa radiação solar.
Além disso, enviar uma sonda requer considerável energia para desacelerar e ser capturada pela gravidade do planeta, tornando as missões complexas e de longa duração.
Curiosidades e fatos interessantes sobre o planeta Mercúrio
Nome: Mercúrio recebeu esse nome em homenagem ao mensageiro dos deuses na mitologia romana, conhecido por sua rapidez. Isso reflete a rápida órbita do planeta ao redor do Sol.
Observação: Devido à sua proximidade com o Sol, Mercúrio é muito difícil de ser observado da Terra. Ele nunca se afasta mais de 28 graus do sol, o que significa que só é visível durante apenas alguns minutos e muito próximo da estrela.
Movimento retrógrado: Várias vezes ao ano, Mercúrio parece mover-se para trás em seu caminho através do céu. Este fenômeno, conhecido como “movimento retrógrado”, é uma ilusão causada pela órbita mais rápida de Mercúrio em comparação com a da Terra.
Lua: Mercúrio não possui satélites. Acredita-se que a forte atração gravitacional do Sol impede a formação ou captura de satélites naturais.
Rotação travada: Mercúrio está em uma ressonância de rotação de 3:2 com o Sol. Isso significa que ele completa três rotações em torno de seu eixo para cada duas órbitas ao redor do Sol.
Vulcanismo: Evidências sugerem que o planeta Mercúrio teve atividade vulcânica significativa em seu passado. Depósitos vulcânicos cobrem grandes áreas da superfície, indicando que o vulcanismo desempenhou um papel importante na formação da paisagem atual.
Vida: O ambiente de Mercúrio não é propício à vida como a conhecemos. As temperaturas e a radiação solar que caracterizam este planeta são provavelmente extremas demais para que os organismos se adaptem.
Dificuldade de observação: Diz-se que Nicolau Copérnico, o pai do heliocentrismo, expressou um arrependimento no leito de morte por nunca ter visto o planeta Mercúrio durante sua vida.
Mistérios do planeta Mercúrio
Uma das questões centrais nos estudos sobre Mercúrio é sobre como ele tem um núcleo tão grande em relação ao seu tamanho total.
Uma das hipóteses mais aceitas é a de uma colisão gigante. Acredita-se que, quando o planeta era jovem, ele tinha uma proporção de manto e núcleo semelhante à da Terra. Porém, uma colisão catastrófica com outro protoplaneta teria removido grande parte do manto, deixando para trás um núcleo desproporcionalmente grande.
Porém, há também teorias de que o calor intenso do jovem Sol pode ter vaporizado as camadas externas de Mercúrio durante sua formação, resultando na perda de material do manto. Também existe uma terceira possibilidade, em que, devido às condições próximas ao Sol, Mercúrio se formou a partir de materiais mais pesados e ricos em metais.
Além disso, a descoberta de escarpas jovens e a possível ocorrência de tremores sísmicos em Mercúrio indicam que o planeta pode ainda ser geologicamente ativo. A contração contínua do núcleo e o resfriamento interno podem estar gerando tensões na crosta, resultando em atividade tectônica.
Por isso, compreender Mercúrio é crucial para aprofundar nosso conhecimento sobre a formação e evolução dos planetas terrestres. Como ele é um planeta extremo em muitos aspectos, Mercúrio serve como um laboratório natural para estudar processos planetários em condições severas.
Assim, entender o planeta pode ajudar a testar e refinar modelos de formação planetária, fornecer insights sobre a evolução térmica e estrutural de planetas, além de compreender a interação do vento solar com o campo magnético em um ambiente próximo ao Sol.
Assim, ao comparar Mercúrio com outros planetas terrestres, como a Terra, Vênus e Marte, os astrônomos podem identificar semelhanças e diferenças que enriquecem nossa compreensão do Sistema Solar como um todo.
Dados sobre o planeta Mercúrio
Data da descoberta | Desconhecido (conhecido desde a Antiguidade) |
Distância média do Sol | 57.909.227 km |
Velocidade média orbital | 107.503 km/h |
Excentricidade da órbita | 0,20563593 |
Período de translação | 88 dias terrestres |
Período de rotação | 58,65 dias terrestres |
Inclinação equatorial | 0 graus |
Raio equatorial | 2.439,7 km |
Circunferência equatorial | 15.329,1 km |
Volume | 60.827.208.742 km3 |
Tamanho | Mercúrio é 2,6x menor que a Terra |
Densidade | 5,427 g/ cm3 |
Massa | 330,1 sextilhões de kg |
Área da superfície | 74797000 km² |
Gravidade superficial | 3,7 m/s² |
Velocidade de escape | 15.300 km/h |
Temperatura | Varia entre 430º C e -180º C |
Luas | Não há |
Anéis | Não há |
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