Nova técnica permite detectar planetas semelhantes à Tatooine

Encontrar exoplanetas em sistemas binários ficou mais fácil e rápido.

Ilustração artística de um planeta circumbinário. Crédito: Lynette Cook
Ilustração artística de um planeta circumbinário. Crédito: Lynette Cook

Quem é fã da franquia “Star Wars” deve lembrar do icônico planeta Tatooine, que orbita dois sóis. Agora, a partir de uma nova técnica, astrônomos estão conseguindo detectar exoplanetas em sistemas estelares com duas estrelas, assim como o icônico planeta da ficção científica.

Chamados de “planetas circumbinários”, esses exoplanetas orbitam em torno de um par de estrelas, mas são de difícil detecção. Entre os milhares de planetas já descobertos, apenas 14 são circumbinários.

Missões como o Kepler e o Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA, detectam exoplanetas por meio do método de trânsito, em que é analisada a queda no nível de brilho de uma estrela no momento que o planeta passa na frente dela.

Geralmente, os astrônomos precisam observar pelo menos três desses trânsitos para conseguir calcular a órbita do planeta. Porém, isso é um desafio quando há duas estrelas hospedeiras. Como a órbita de planetas circumbinários é mais longa, para observar três trânsitos os cientistas precisam observar o sistema binário por um longo período de tempo.

O novo método criado pelo astrônomo Nades Haghighipour da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, permite reduzir esse período de observação.

“Detectar planetas circumbinários é muito mais complicado do que encontrar planetas orbitando estrelas únicas. Quando um planeta orbita um sistema de estrelas duplas, os trânsitos da mesma estrela não ocorrem em intervalos consistentes. O planeta pode transitar por uma estrela e depois transitar pela outra, antes de transitar pela primeira estrela novamente, e assim por diante”, explicou Haghighipour.

Exoplanetas semelhantes à Tatooine

Em um novo artigo publicado no The Astronomical Journal, a equipe de astrônomos liderada por Haghighipour descreveu como seria possível detectar planetas circumbinários em um período menor de 27 dias.

A técnica foi pensada para ser utilizada com o TESS, visto que o telescópio observa uma mesma região do céu por apenas 27 dias, antes de ser apontado para outro lugar. Porém, para ser detectado com o novo método, é preciso que o planeta transite em ambas as estrelas hospedeiras dentro do período de 27 dias.

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Na pesquisa, os astrônomos conseguiram detectar o primeiro planeta circumbinário utilizando os dados do TESS, demonstrando que a técnica funciona. O exoplaneta em questão – batizado de TIC 172900988 – apresentou uma curva de luz que mostrava sinais de dois trânsitos, um em cada estrela, separados por apenas cinco dias.

“A órbita deste planeta leva quase 200 dias – com o método de trânsito tradicional, teríamos que esperar mais de um ano para detectar dois trânsitos adicionais. Nossa nova técnica reduziu esse tempo para apenas cinco dias, mostrando que, apesar de sua curta janela de observação, o TESS pode ser usado para detectar planetas circumbinários. O novo planeta é a prova da validade, aplicabilidade e sucesso de nossa técnica inventada”, concluiu Haghighipour.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.