Indústria brasileira busca fornecer produtos e serviços para a NASA

Recentemente, Brasil assinou um acordo de cooperação com os EUA para participar do programa Artemis, de exploração da Lua.

Indústria brasileira busca fornecer produtos e serviços para a NASA

Na última semana, o presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Julio Shidara, conversou por videoconferência com o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster Júnior, e o conselheiro Lauro de Castro Beltrão Filho. O assunto deste encontro virtual foi discutir a participação da indústria brasileira no programa Artemis, da NASA, que pretende retomar as viagens tripuladas à Lua, a partir de 2024.

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Em dezembro do ano passado, o Brasil se tornou a décima nação a assinar o acordo de cooperação internacional do Artemis. A ideia é que o país contribua nas missões de exploração lunar, por meio da participação da academia, institutos de pesquisa e indústrias nacionais.

O embaixador nos EUA afirmou que, segundo a NASA, existe um amplo espectro de tecnologias necessárias para a execução do Artemis, o que facilitaria a participação da indústria brasileira. Porém, ainda não há informações sobre o universo de fornecimentos previstos pela agência espacial americana.

Entretanto, questionado pelo Futuro Astrônomo, Shidara afirmou que a indústria brasileira poderá participar por meio de fornecimento de equipamentos, sistemas e/ou serviços tecnológicos.

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Importância da AIAB

Hoje, a AIAB tem como objetivo o de oferecer as melhores condições de competitividade para as empresas nacionais do setor aeroespacial. Isso é para que elas possam crescer de forma consistente, desenvolvendo tecnologias de ponta e mão-de-obra altamente qualificada, participando ativamente de inovações no segmento, e, consequentemente, contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Neste intuito, o Programa Artemis é visto como uma grande oportunidade para o país.

“Estamos buscando nosso envolvimento junto à governança do PEB (Programa Espacial Brasileiro) nesta importante fase de definição do objeto de participação do Brasil no programa, o que será, naturalmente, função da capacidade de investimento do Brasil, bem como de prazos de fornecimento definidos pela NASA”, explicou o presidente da AIAB ao Futuro Astrônomo.

O embaixador do Brasil, Nestor Forster Júnior, durante videoconferência com o presidente da AIAB, Julio Shidara
O embaixador do Brasil, Nestor Forster Júnior, durante videoconferência com o presidente da AIAB, Julio Shidara. Crédito: AIAB/Divulgação

Shidara ressaltou o grande nível de maturidade tecnológica do país e as possibilidades concretas de aprimoramentos tecnológicos que se abrem para as empresas brasileiras do segmento.

Atualmente, as tecnologias brasileiras com maior grau de maturidade tecnológica são aquelas que integram o satélite Amazônia 1 e as partes brasileiras dos satélites da família CBERS, todos de observação ótica da Terra, bem como os respectivos equipamentos de solo.

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“O profissional brasileiro que atua no setor espacial apresenta diferenciais como vocação, comprometimento, paixão por tecnologia e inovação, criatividade e flexibilidade o que nos faz prever que, com a adoção do PEB como programa do Estado Brasileiro, com comprometimento de alocação de recursos, rapidamente surgirão tecnologias brasileiras que serão destaque no cenário global, à semelhança do que já ocorre no respeitado setor aeronáutico brasileiro”, destaca Shidara.

Ele disse ainda que, para evitar incompatibilidade entre o objeto de fornecimento acordado e a capacidade da indústria espacial brasileira em produzi-lo, assim como ocorreu na participação brasileira no programa da Estação Espacial Internacional (ISS), o presidente da AIAB afirma que é indispensável o envolvimento da indústria nacional desde a fase de concepção do objeto de participação, algo que é previsto no capítulo 6 da Política de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE).

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“Cooperações internacionais, de uma forma geral, são importantes mecanismos de desenvolvimento de atividades espaciais, por permitir o compartilhamento de riscos e custos em programas que sejam de interesse comum, envolvendo a indústria e a academia dos países participantes”, finaliza Shidara.

Até o momento, a AIAB não tem conhecimento de negociações em curso da NASA com alguma indústria brasileira.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.