Maior telescópio do mundo terá instrumento para buscar vida extraterrestre

Construção de espectrógrafo de alta resolução para o ELT terá participação de brasileiros. Veja como o instrumento será usado para procurar vida lá fora.

Ilustração do ELT (Telescópio Extremamente Grande). Imagem: ESO/Divulgação
Ilustração do ELT (Telescópio Extremamente Grande). Imagem: ESO/Divulgação

O ESO (Observatório Europeu do Sul) assinou um acordo para o desenvolvimento e construção do ANDES, um espectrógrafo de alta resolução que terá a capacidade de analisar a atmosfera de exoplanetas. O instrumento será instalado no ELT (Telescópio Extremamente Grande) e usado, entre outras finalidades, para buscar por vida extraterrestre.

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Um espectrógrafo é um instrumento que divide a luz nos seus comprimentos de onda componentes para que os astrônomos possam determinar propriedades de objetos celestes. Ele funcionará simultaneamente nas faixas da luz visível e infravermelho, permitindo fazer estudos extremamente detalhados de astros individualmente.

Além da busca por sinais de vida em outros planetas, o ANDES será usado para estudar as primeiras estrelas, investigar a evolução das galáxias, testar as variações das constantes fundamentais da física, além de medir a aceleração da expansão do Universo.

A construção do instrumento é fruto de um consórcio internacional composto por 13 países. Entre eles, está o Brasil, por meio do Conselho de Astronomia Observacional Estelar, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Além disso, o projeto tem participação do ON (Observatório Nacional), no Rio de Janeiro, e do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Paulo.

Foto panorâmica do ELT em construção do dia 15 de maio de 2024.
Foto panorâmica do ELT em construção do dia 15 de maio de 2024. Imagem: ESO/Reprodução

De acordo com Renan Medeiros, membro do comitê diretor do projeto no Brasil, a UFRN estará presente em todas as fases de desenvolvimento e construção do instrumento. Isso inclui a definição dos objetivos, elaboração da documentação, construção dos softwares e sistemas ópticos, instalação, testes, bem como a operação inicial.

“A participação de pesquisadores da UFRN em um projeto de desenvolvimento científico e tecnológico dessa magnitude, em parceria com instituições do mais elevado prestígio internacional, demonstra o reconhecimento alcançado pela nossa universidade como instituição promotora de avanços das fronteiras do saber”, destacou o reitor da UFRN, José Daniel Diniz Melo, em comunicado.

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Buscando assinaturas extraterrestres

Até o momento, mais de 5.600 exoplanetas já foram descobertos, sendo que, pelo menos 50 deles estão localizados em zonas habitáveis, onde a vida tal como a conhecemos é teoricamente possível.

Por isso, além da busca por transmissões via rádio de civilizações extraterrestres, por meio de projetos como o SETI, por exemplo, astrônomos também têm se debruçado em estudar os sinais fracos desses planetas distantes em busca de bioassinaturas.

Na prática, existem várias assinaturas químicas na atmosfera que podem indicar que um planeta específico possui vida. Entre eles, estão compostos como oxigênio, ozônio, metano ou moléculas orgânicas complexas. Todas elas podem associar-se a uma possível atividade biológica em um exoplaneta. 

Seria possível, inclusive, detectar artefatos tecnológicos alienígenas. Um estudo recente aponta que, se extraterrestres também construírem em grande escala painéis solares de silício semelhantes aos usados na Terra, as células fotovoltaicas podem gerar um “reflexo” característico em comprimentos de ondas específicos nas faixas de luz visível, ultravioleta e infravermelho. Esse reflexo poderia ser detectado da Terra através de telescópios de nova geração.

Até então, isso não era possível, pois os instrumentos disponíveis atualmente não possuem resolução suficiente para analisar essas fracas assinaturas. Isso porque temos que filtrar o minúsculo sinal de um planeta daquele da sua estrela-mãe, que é (muitas vezes) milhões de vezes mais brilhante. Porém, isso deve mudar com o uso de novas tecnologias, como a do instrumento ANDES.

O instrumento ANDES de alta resolução do ELT. Imagem: ESO/Divulgação
O instrumento ANDES de alta resolução do ELT. Imagem: ESO/Divulgação

A expectativa é que o ANDES fique pronto até 2029, com a instalação do instrumento no observatório prevista para 2030.

Vale lembrar que o ELT está atualmente em construção no deserto chileno do Atacama, com previsão de início das observações científicas em 2028. Quando ficar pronto, ele será o maior telescópio óptico/infravermelho do mundo, com um espelho de 39 metros de diâmetro.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.