Cosmóloga entra para a lista de cientistas do ano da Nature
Chanda Prescod-Weinstein é reconhecida por seu trabalho em cosmologia e física de partículas, além de defender a inclusão na ciência.
Nesta semana, a revista Nature publicou a sua lista com as dez pessoas que ajudaram a moldar a ciência em 2020. Em um ano em que a busca pela cura da Covid-19 se tornou protagonista na ciência, a cosmóloga norte-americana Chanda Prescod-Weinstein recebeu a menção da publicação.
Ela é formada em física pela Harvard University em Cambridge, astronomia na University of California, em Santa Cruz, além de doutorado na University of Waterloo e no Perimeter Institute for Theoretical Physics no Canadá.
Atualmente, ela é membro do departamento de física e astronomia da University of New Hampshire, o que a torna provavelmente a primeira mulher negra a ocupar um cargo estável em cosmologia teórica e teoria de partículas nos Estados Unidos.
Ela também participa do departamento de estudos femininos e de gênero em Hampshire.
Ano da Covid-19
Apesar das paralisações por conta da pandemia, o ano de 2020 foi bem agitado para Chanda.
Ela terminou o seu primeiro livro, escreveu colunas mensais para a revista New Scientist, orientou dois estudantes de graduação, ganhou duas novas bolsas, contratou o seu primeiro pesquisador de pós-doutorado e começou a codirigir um grupo que estuda a matéria escura por meio de observações astrofísicas.
A pesquisa da Chanda envolve entender como os áxions podem influenciar a formação de galáxias e se essas partículas hipotéticas podem ser a matéria escura.
“Meu interesse por eles [áxions] vai além da questão da matéria escura, apenas para a questão deles existirem, se existem, e como se comportam?”, diz ela.
No próximo ano, a American Physical Society deverá homenagear Chanda por seu trabalho em cosmologia e física de partículas, além de seus esforços para aumentar a inclusão na física.
“Strike for Black Lives”
Enquanto ela estudava o Universo primitivo, matéria escura e partículas hipotéticas, ela ficava incomodada por ser a única física negra no recinto. Por isso, muitas vezes ela teve que lutar para justificar seu lugar no campo, chamando a atenção não apenas para o racismo, mas também para o sexismo na ciência.
“As consequências de ficar em silêncio não foram suportáveis”, diz ela.
Diante do cenário, ela esteve à frente, junto com outros cientistas, do movimento “Strike for Black Lives” (“Greve por Vidas Negras”, em inglês) uma campanha online que exigia que as instituições enfrentassem o racismo na ciência.
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O que iniciou em um bate-papo informal se tornou em uma grande manifestação de inclusão na ciência, ganhando forte repercussão devido a vários cientistas talentosos que voluntariamente defenderam a causa.
A convocação para uma greve acadêmica nacional ocorreu em junho após as mortes violentas dos negros George Floyd, Breonna Taylor, Ahmaud Arbery e outros, muitos em interação com a polícia.
Os manifestantes também desafiavam as instituições científicas a se comprometerem com políticas mais inclusivas e antirracistas.
Em 10 de junho de 2020, grandes grupos acadêmicos com centenas de milhares de membros se comprometeram a aderir à greve. Entre eles, estavam a American Geophysical Union, a American Physical Society e a American Chemical Society.
A American Association for the Advancement of Science, que publica a revista Science, também aderiu.
A própria Nature também anunciou que utilizaria o dia para refletir e elaborar medidas para eliminar o racismo antinegro.
“A revolução não aconteceu naquele dia, mas é minha esperança que talvez tenhamos plantado algumas sementes para que as pessoas repensem radicalmente o que é necessário para salvar vidas negras”, disse a cosmóloga.
Personalidades para acompanhar em 2021.
A Nature também já nomeou alguns cientistas para acompanhar no próximo ano.
Entre eles está o chinês Zhang Rongqiao, designer-chefe da missão Tianwen-1 que tentará pousar em Marte em fevereiro próximo; e a inglesa Jane Greaves, que liderou a pesquisa que encontrou fosfina na atmosfera de Vênus, um sinal potencial de vida naquele planeta.
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