Galáxias anãs próximas da Via Láctea são ‘recém-chegadas’

Novo estudo aponta que a maioria delas não está orbitando a nossa galáxia.

Foto da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima da nossa.
Foto da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima da Via Láctea. Crédito: Tarsis Silveira

A partir da análise dos dados da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), astrônomos descobriram que a maioria das galáxias anãs próximas da Via Láctea são recém-chegadas em nossa vizinhança galáctica.

Antes, acreditava-se que essas pequenas galáxias acompanhavam a Via Láctea há vários bilhões de anos, como “galáxias satélites”. Entretanto, com as observações do satélite Gaia, foi possível calcular com mais precisão o movimento de 40 galáxias anãs próximas, incluindo a energia orbital e momento angular delas.

Os cientistas descobriram que elas estão se movendo muito mais rápido do que as estrelas gigantes e aglomerados de estrelas que orbitam a Via Láctea.

Se elas estivessem há mais tempo pelas redondezas, a gravidade da Via Láctea já teria desacelerado o movimento dessas galáxias.

Mais do que isso, essas pequenas galáxias estão se movendo tão rápido que não poderiam estar em órbita ao redor da Via Láctea, onde as interações com nossa galáxia e seu conteúdo teriam minado as energias orbitais delas.

Isso sugere fortemente que elas chegaram à nossa vizinhança nos últimos bilhões de anos.

O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal.

Canibalismo galáctico

No passado, nossa galáxia canibalizou várias galáxias anãs. Por exemplo, entre 8 e 10 bilhões de anos atrás, uma galáxia chamada de Gaia-Enceladus foi engolida pela Via Láctea. Os astrônomos sabem disso, pois foi identificado nos dados do Gaia um grupo de estrelas em nossa galáxia que possui órbitas excêntricas.

Outro exemplo ocorreu entre 4 ou 5 bilhões atrás, quando a galáxia anã Sagitário foi capturada pela Via-Láctea e está atualmente em processo de ser fragmentada e canibalizada. A energia de suas estrelas é maior que a de Gaia-Enceladus, indicando o menor tempo que estiveram sob a influência da Via Láctea.

A nova descoberta reflete o que já se sabia sobre a Grande Nuvem de Magalhães, visível no céu noturno do hemisfério sul. Em vez de ser uma galáxia satélite, a pequena galáxia está visitando a nossa redondeza galáctica pela primeira vez.

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Segundo François Hammer, um dos autores do estudo, algumas dessas dezenas de galáxias anãs vão ser capturadas pela nossa e futuramente canibalizadas, enquanto outras vão apenas passar direto por nós.

Quais delas vão ficar ou vão embora é difícil saber. Para identificar quais serão agarradas pela gravidade da nossa galáxia seria preciso saber qual é a massa exata da Via Láctea, algo que por enquanto está no campo das estimativas.

De qualquer forma, o estudo é importante, pois obriga pesquisadores a reavaliar a natureza das próprias galáxias anãs.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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