Marte pode ter passado por grandes inundações, diz NASA

Estudo permite confirmar a presença de um lago e um delta de rio no local de pouso do rover Perseverance.

Um depósito remanescente de sedimentos dentro da cratera Jezero de Marte e fotografado pela Perseverance, em 22 de fevereiro de 2021.
Um depósito remanescente de sedimentos dentro da cratera Jezero de Marte e fotografado pela Perseverance, em 22 de fevereiro de 2021. Crédito: NASA / JPL-Caltech / ASU / MSSS

Segundo um novo artigo produzido pela equipe de pesquisadores da missão Perseverance, da NASA, Marte já teve um complicado e intrigante ciclo hidrológico, inclusive passando por eventos de inundação significativos.

Atualmente, o rover Perseverance está explorando a Cratera de Jezero, onde se acredita que há bilhões de anos existia um lago e um delta de um rio.

Fotos mais recentes da missão mostraram encostas longas e íngremes – chamadas de escarpas – que podem ter se formado a partir do acúmulo de sedimentos, com a água carregando rochas e detritos das terras mais altas para as mais baixas.

O delta do rio em forma de leque pode indicar que Marte experimentou inundações, quando a atmosfera era espessa o suficiente para suportar um grande fluxo de água, o suficiente para carregar pedras maiores do que 1 metro.

Na superfície, o rover permitiu fazer pela primeira vez a estratigrafia do local, que consiste na análise da ordem e a posição das camadas de rocha, fornecendo informações sobre o tempo relativo dos depósitos geológicos.

As camadas inclinadas e horizontais observadas das escarpas são o que se espera de um delta de um rio. Porém, as grandes rochas no topo dos sedimentos indicam que o curso d’água lento e sinuoso que alimentava o delta deve ter sido transformado por inundações repentinas posteriores.

Embora ainda não seja possível afirmar se esses sedimentos foram formados por enchentes ou mudanças ambientais mais graduais, a equipe da NASA determinou que essas oscilações hidrológicas devem ter ocorrido quando os níveis da água estavam pelo menos 100 metros abaixo do nível mais alto do antigo lago.

“Nunca antes uma estratigrafia tão bem preservada foi visível em Marte. Esta é a observação chave que nos permite confirmar de uma vez por todas a presença de um lago e delta de rio em Jezero”, disse Nicolas Mangold, cientista francês da missão Perseverance e principal autor do artigo.

A pesquisa foi publicada na revista Science, nesta quinta-feira, 7 de outubro. Este é o primeiro estudo publicado pela NASA tendo como base os dados obtidos pela Perseverance, que está em Marte desde 18 de fevereiro deste ano.

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Vida em Marte

Um dos principais objetivos da missão Perseverance em Marte é buscar por sinais de vida microbiana ancestral.

A NASA pretende analisar mais de perto o delta, incluindo a coleta de amostras, pois existe a possibilidade de encontrar compostos orgânicos nessas rochas e sedimentos, além de outras evidências de que poderia indicar que já houve vida no planeta há bilhões de anos.

O rover também estudará a geologia e o clima do planeta, abrindo caminho para uma futura exploração humana no planeta vermelho.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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