Calendário astronômico: Os eventos do céu de outubro de 2024

Cometa do século, eclipse solar, chuvas de meteoros, explosão de estrela e mais. Confira o calendário astronômico deste mês.

Imagem: Egil Sjøholt/Pexels/Reprodução
Imagem: Egil Sjøholt/Pexels/Reprodução

Entre os dias 4 e 10 de outubro, ocorre a Semana Mundial do Espaço, que tem o intuito de celebrar a contribuição da ciência e tecnologia espacial para a melhoria da vida humana.

A data foi declarada oficialmente pela ONU (Organização das Nações Unidas) e consiste em vários eventos relacionados ao espaço organizados por agências espaciais, empresas, escolas, planetários, museus e clubes de astronomia ao redor do mundo.

Ao todo, 90 países participam da Semana Mundial do Espaço, incluindo o Brasil. Na página oficial do evento, é possível acessar a agenda com todos os eventos previstos.

Vale lembrar que, também em outubro, o Brasil realiza a tradicional 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, organizada pelo MCTI (Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação), com o objetivo de popularizar a ciência no país.

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia ocorre entre os dias 14 a 20 de outubro, e tem como tema deste ano o “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Por isso, procure universidades, observatórios, planetários e clubes de astronomia da sua região e verifique quais são as atividades programadas.

Confira os principais eventos de outubro de 2024:

Feriados e datas comemorativas
Fases da Lua
Eclipse Solar
Chuvas de meteoros
Planetas
Cometa
Asteroides
Conjunções
Estrelas variáveis
Nova
O que observar com um binóculo
O que observar com um telescópio

Feriados e datas comemorativas

Feriado Nacional no Brasil

12 de outubro (sábado): Dia das Crianças e Dia de Nossa Senhora Aparecida

Outras datas comemorativas:

1 de outubro: Dia Internacional da Música e Dia do Idoso
3 de outubro: Dia Mundial do Dentista
4 de outubro: Dia da Natureza
9 de outubro: Dia do Atletismo
11 de outubro: Fundação do Mato Grosso do Sul
13 de outubro: Dia Nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional
15 de outubro: Dia do Professor
16 de outubro: Dia Mundial da Alimentação
17 de outubro: Dia Nacional da Vacinação
18 de outubro: Dia do Médico
23 de outubro: Dia da Força Aérea Brasileira
24 de outubro: Dia da ONU
25 de outubro: Dia internacional contra a exploração da mulher
29 de outubro: Dia Nacional do Livro
28 de outubro: Dia do Servidor Público
31 de outubro: Dia Nacional da Poesia
31 de outubro: Dia das Bruxas

Aniversários astronômicos:

3 de outubro de 1874 (há 150 anos): nascia o astrônomo norueguês Fredrik Carl Mülertz Størmer, pesquisador de auroras polares, chegando a inventar um aparelho para fotografá-las.

23 de outubro de 1924 (há 100 anos): o astrônomo e astrofísico alemão Walter Baade descobre o asteroide 1036 Ganymed.

28 de outubro de 1974 (há 50 anos): lançamento da sonda orbitadora soviética Luna 23.

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Fases da Lua

  • 🌑 Lua nova: 2 de outubro
  • 🌗 Lua em Quarto Crescente: 10 de outubro
  • 🌕 Lua Cheia: 17 de outubro
  • 🌓 Lua em Quarto Minguante: 24 de outubro

A Lua atinge o apogeu (o ponto mais distante da Terra) no dia 2 e 29 de outubro e o perigeu (o ponto mais próximo da Terra) no dia 16 de outubro.

Uma curiosidade é que neste mês teremos a segunda Lua Cheia de perigeu do ano.

>>> veja também o calendário lunar completo de 2024

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Eclipse Solar

No dia 2 de outubro ocorre um eclipse anular do Sol, visível de forma parcial no Brasil, especialmente para os habitantes da região sul do país. O fenômeno também é visível na Argentina e Chile, bem como na parte sul dos oceanos Atlântico e Pacífico.

O eclipse ocorrerá aproximadamente entre 16h30 e 18h30 (horário de Brasília), com o fenômeno começando alguns minutos mais cedo para as cidades mais ao sul do país. Na capital Porto Alegre, por exemplo, o eclipse atinge o máximo às 17h42, com a Lua cobrindo 39% do Sol.

Animação mostra as áreas onde é possível ver a sombra deste eclipse solar anular. Imagem: NASA/Reprodução
Animação mostra as áreas onde é possível ver a sombra deste eclipse solar anular. Imagem: NASA/Reprodução

Vale ressaltar que observar um eclipse solar requer cuidados especiais, para evitar cegueira ou outros danos permanentes aos olhos. Por isso, evite usar óculos escuros, chapas de raios X ou antigos filmes fotográficos para olhar para o sol. O método mais seguro é por meio da projeção. Além disso, a recomendação é procurar clubes, observatórios e planetários que estejam realizando observações públicas do fenômeno.

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Chuvas de meteoros

9 de setembro a 9 de outubro (Sextantídeos)

Esta chuva tem taxa horária estimada de até 5 meteoros por hora, tendo atingido seu pico no último dia 27 de setembro. Os meteoros surgem na constelação de Sextante, visível nascendo no horizonte Leste por volta das 4h da madrugada.

5 a 6 de outubro (Camelopardalídeos de Outubro)

Esta rápida chuva de meteoros atinge o pico no dia 5 de outubro, com taxa horária de 5 meteoros. Porém, essa chuva de meteoros aparece muito baixa no horizonte norte, na constelação de Girafa, sendo melhor observada apenas nos estados mais ao norte do Brasil.

6 a 10 de outubro (Draconídeos)

A chuva também gera cerca de 5 meteoros por hora e atinge o pico no dia 8 de outubro. Estes meteoros também são de difícil observação para habitantes dos estados mais ao sul do Brasil, sendo visíveis brevemente durante o anoitecer no horizonte norte, na constelação de Dragão.

10 a 18 de outubro (delta-Aurigídeos)

O pico ocorre no dia 11 de outubro, porém gera apenas uma média de 2 meteoros por hora. Os meteoros surgem na constelação de Cocheiro, visível durante a madrugada na direção do horizonte Norte.

14 a 27 de outubro (epsilon-Geminídeos)

Outra pequena chuva de meteoros, atingindo o pico no dia 18 de outubro. Ela produz 3 meteoros por hora, sendo visível na constelação de Gêmeos após a meia-noite, na direção norte.

2 de outubro a 7 de novembro (Orionídeos)

A melhor chuva de meteoros do mês, prometendo até 20 meteoros por hora, com pico no dia 21 de outubro. Os meteoros surgem na constelação de Órion, sendo visível durante quase toda a noite.

>>> veja também o calendário 2024 de chuvas de meteoros

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Planetas

  • Mercúrio (brilho de -0,3 de magnitude): visível ao anoitecer na última semana do mês na constelação de Libra.
  • Vênus (-4,0): visível ao anoitecer transitando ao longo do mês entre as constelações de Libra, Escorpião e Ofículo.
  • Marte (+0,3): visível durante a madrugada na constelação de Gêmeos.
  • Júpiter (-2,6): visível após às 23h na constelação de Touro.
  • Saturno (+0,7): visível após às 3h na constelação de Aquário.
  • Urano (+5,6): visível após às 21h na constelação de Touro.
  • Netuno (+7,8): visível após às 3h na constelação de Peixes.

Planetas anões 

Ceres (+9,0) e Plutão (+14,4) são observáveis por meio de instrumentos durante madrugada. Enquanto Ceres pode ser encontrado na constelação de Sagitário, Plutão migra entre Capricórnio e Sagitário.

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Cometa

C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS)

Apelidado como o Cometa do Século, o C/2023 A3 é visível no Brasil antes do nascer do sol, na direção do horizonte leste. Ele está visível desde o final de setembro até o próximo dia 7 de outubro.

O cometa estará bem baixo no horizonte, o que significa que você precisará estar em um local que tenha um horizonte sem montanhas, árvores ou prédios, além de um local sem muita poluição luminosa.

Caso o cometa sobreviva à passagem próxima do Sol, ele estará visível a partir do dia 12 de outubro logo após o pôr do sol, desta vez no horizonte oeste. Neste mesmo dia, ele faz a sua máxima aproximação da Terra, chegando a 71 milhões de km.

A estimativa é que o cometa tenha um brilho no início do mês em torno de 2 a 3 de magnitude, sendo observável por meio de binóculos ou mesmo a olho nu. 

cometa do seculo outubro
Vista do dia 18 de outubro ao anoitecer, com o cometa C/2023 A3 sendo observado ao anoitecer no horizonte oeste. Imagem: Stellarium.

A partir de 18 de outubro, o brilho do cometa começa a cair, até 28 de outubro, quando chega a 4ª magnitude.

Espera-se que o cometa ainda seja visível a olho nu até, pelo menos, meados de novembro.

>>> Como fotografar cometas com o iPhone

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Asteroides

Para quem tem telescópios, estão em oposição os asteroides 39 Laetitia (magnitude 9,4) no dia 7 de outubro; e 19 Fortuna (magnitude 9,2) no dia 17 de outubro.

Além disso, o asteroide 42 Isis atinge o periélio na noite de 16 a 17 de outubro.

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Conjunções

Nos dias 23 e 24 de outubro, a partir da 1h da manhã, é possível observar uma bela conjunção entre a Lua em Quarto Crescente, o planeta Marte e as estrelas Castor e Pollux, da constelação de Gêmeos. 

Se tiver sorte, você ainda poderá ver algum meteoro das chuvas epsilon-Geminídeos e Orionídeos, que estão com radiantes muito próximos desta conjunção.

Vista do horizonte nordeste no dia 23 de outubro, por volta de 1h da manhã.
Vista do horizonte nordeste no dia 23 de outubro, por volta de 1h da manhã.

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Estrelas variáveis

Para quem curte estrelas variáveis, em outubro algumas delas alcançam o máximo brilho. Confira:

  • 17 de outubro: RV Cen (mag. 7,7)
  • 21 de outubro: R Cen (mag. 5,8)
  • 27 de outubro: V CVn (mag. 6,8)

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Nova

Animação ilustra a explosão que deve ocorrer no sistema T CrB. Imagem: NASA/Goddard Space Flight Center
Animação ilustra a explosão que deve ocorrer no sistema T CrB. Imagem: NASA/Goddard Space Flight Center

Apesar de “atrasada”, astrônomos estimam que a qualquer momento ocorrerá uma explosão de uma estrela Nova no sistema binário T Coronae Borealis (ou T CrB), localizado a 3 mil anos-luz de distância da Terra, na direção da constelação de Coroa Boreal.

O sistema é formado por duas estrelas próximas, sendo uma gigante vermelha e a outra uma anã branca. Conforme a estrela gigante ejeta as suas camadas exteriores, a anã vem recolhendo o material em sua superfície, gerando reações termonucleares descontroladas em intervalos regulares a cada 80 anos. 

A última explosão no sistema foi observada em 1946. O mesmo ocorreu em 1866 e em 1787, devendo ocorrer novamente em 2024.

Inicialmente, a NASA estimou que a explosão deveria acontecer entre os meses de fevereiro e setembro deste ano. Porém, até o fechamento desta matéria, o sistema se mantém sem mudança.

Normalmente, o sistema T Coronae Borealis não é observável a olho nu. Porém, com a explosão na anã branca, é esperado que o sistema brilhe o suficiente para ser visto sem telescópios por alguns dias.

Durante o mês de outubro, a constelação de Coroa Boreal é visível brevemente baixa no horizonte nordeste, logo após o pôr do sol. A constelação é melhor observada nos estados mais ao norte do Brasil.

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O que observar com um binóculo

Galáxia de Andrômeda

Foto da Galáxia de Andrômeda feita pelo fotógrafo Adam Evans, com um telescópio refrator de 85mm desenvolvido para astrofotografia. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução
Foto da Galáxia de Andrômeda feita pelo fotógrafo Adam Evans, com um telescópio refrator de 85mm desenvolvido para astrofotografia. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

A galáxia de Andrômeda, catalogada como M31 (ou Messier 31), é o objeto mais distante visível a olho nu, cerca de 2,5 milhões de anos-luz. Porém, com um bom par de binóculos e estando em um local longe da poluição luminosa, você pode reconhecer o formato elíptico desta galáxia.

M31 é observável durante toda a noite na constelação de Andrômeda, com um brilho de 3,40 de magnitude.

Acredita-se que a Via Láctea e Andrômeda colidirão daqui a vários bilhões de anos. Aliás, Andrômeda é maior do que a nossa galáxia, tendo uma população estelar estimada em cerca de 1 trilhão de estrelas (a Via Láctea tem entre 200 a 400 bilhões de estrelas).

Sugestões de binóculos:

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O que observar com um telescópio

Nebulosa da Hélice

nebulosa helice
Foto da Nebulosa da Hélice captada pelo Telescópio Espacial Hubble. Imagem: NASA/ESA/Divulgação

Catalogada como NGC-7293, a nebulosa da Hélice fica a 650 anos-luz da Terra, na constelação de Aquário. Além de um telescópio, para observá-la é preciso estar em local longe da poluição luminosa e com um céu escuro.

NGC-7293 é uma nebulosa do tipo planetária, formada quando uma estrela parecida com o nosso Sol ficou sem combustível. Enquanto a estrela agonizava, as suas camadas externas empoeiradas foram se desfazendo no espaço.

O brilho da nebulosa vem da radiação da estrela anã branca no seu centro, aquecendo o gás e fazendo a nebulosa brilhar. No binóculo, ela parece como uma nuvem fantasmagórica esverdeada. Porém, com telescópios amadores maiores é possível reconhecer a estrutura em forma de anel da nebulosa.

Sugestões de telescópios:

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Para encontrar objetos no céu noturno, utilize apps do tipo planetário. Confira aqui alguns aplicativos indicados!

Fontes das efemérides:
Anuário Astronômico Catarinense 2024
Aprendendo a Ler o Céu

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.