Calendário astronômico: Os eventos do céu de junho de 2024

O céu de junho de 2024 será bem movimentado, com chuvas de meteoros, oposição de asteroides, passagem de cometas, conjunção e chegada do solstício de inverno.

ceu de junho 2024
Imagem: Unsplash

No próximo dia 30 de junho, é celebrado o “Dia Internacional do Asteroide” (ou “Asteroid Day”). A data foi estabelecida em 2016 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e faz referência à explosão de um asteroide sobre o céu da Sibéria, em 30 de junho de 1908, no chamado “Evento de Tunguska“. 

Apesar de não tocar o solo, a explosão do astro no ar gerou uma onda de choque equivalente a 185 bombas atômicas de Hiroshima, devastando uma área de cerca de 2 mil quilômetros quadrados na floresta de Tunguska. Além disso, a onda de calor foi sentida a mais de 60 quilômetros de distância.

O “Asteroid Day” visa conscientizar a população mundial sobre os riscos de potenciais impactos de asteroides sobre o nosso planeta, além de promover debates a nível global de como se defender dessa ameaça real. Por outro lado, a data também serve para educar a população mundial sobre a importância dos asteroides, incluindo seu papel na formação do Sistema Solar, bem como na entrega de materiais orgânicos e, até mesmo, água para o nosso planeta.

É comum que observatórios, planetários e clubes aproveitem a data para realizar eventos de divulgação da astronomia. Por isso, confira na sua cidade se ocorrerá alguma programação.

Além disso, confira os eventos do céu de junho de 2024 (incluindo a observação de asteroides em oposição).

Mudança de estação
Fases da Lua
Chuva de meteoros
Conjunção
Asteroides
Cometas
Planetas
Estrelas variáveis
O que observar com um binóculo
O que observar com um telescópio

Mudança de estação

No próximo dia 20 de junho de 2024, ocorre o fenômeno astronômico chamado de Solstício, quando ocorre a noite mais longa do ano no hemisfério Sul. A data também marca o início do inverno no hemisfério Sul e o verão no hemisfério Norte.

Fases da Lua

  • Lua Nova: 6 de junho
  • Lua em Quarto Crescente: 14 de junho
  • Lua Cheia: 21 de junho
  • Lua em Quarto Minguante: 28 de junho

A Lua atinge o perigeu (o ponto mais próximo da Terra) nos dias 2 e 27 de junho e o apogeu (o ponto mais distante) no dia 14 de junho. Uma curiosidade deste mês é que teremos uma Lua Crescente de apogeu e uma Lua Minguante próxima do perigeu.

Chuvas de meteoros

Arietídeos

Na madrugada do dia 6 para 7 de junho, ocorre o pico da chuva de meteoros Arietídeos. Esta chuva está em atividade entre os dias 14 de maio e 24 de junho, com a expectativa de chegar ao máximo de até 30 meteoros por hora. No dia do pico, a Lua estará na fase Nova, o que significa que você poderá observar até mesmo os meteoros com brilhos mais fracos. Porém, a radiante fica na constelação de Áries, que estará muito próxima do horizonte, a partir das 5h da madrugada, na direção Leste. Por isso, além de procurar um local longe da iluminação de grandes cidades, é preciso ter um horizonte desimpedido de árvores ou prédios.

Bootídeos de Junho

Esta chuva está em atividade entre os dias 22 de junho e 2 julho, alcançando o máximo no dia 27 de junho. Por ter uma taxa horária variável, não é possível estimar quantos meteoros serão visíveis durante o pico. Para observar os meteoros, olhe na direção do horizonte Norte, na constelação do Boieiro (Bootes). A Lua próxima da fase Minguante pode atrapalhar um pouco a observação, porém, a vantagem desta chuva de meteoros é que a radiante é visível durante boa parte da noite.

Confira o nosso guia de como observar meteoros, nesta página!

Conjunção

No amanhecer do dia 4 e 5 de junho, ocorre uma bela conjunção entre um filete de Lua, os planetas Mercúrio e Júpiter, além do aglomerado das Plêiades. Se tiver sorte, ainda poderá ver algum meteoro da chuva Arietídeos, um pouco mais acima da conjunção, na constelação de Áries. Basta olhar na direção de onde o Sol nasce a partir das 6h da manhã.

ceu 5 de junho
O céu do horizonte leste no amanhecer do dia 5 de junho. Imagem: Stellarium

Asteroides

Para quem possui telescópios, no dia 2-3 de junho, é possível observar a oposição do asteroide 43 Ariadne (magnitude 9,1), na constelação de Ofício. Já no dia 28, também tem a oposição de 42 Isis (magnitude 9,3), na constelação de Sagitário.

Cometas

12P/Pons-Brooks

cometa pons brooks
Cometa 12P/Pons-Brooks. Foto: Nielander

No dia 2, o cometa 12P/Pons-Brooks faz a sua máxima aproximação da Terra, chegando a cerca de 230,4 milhões de quilômetros do nosso planeta. No anoitecer desta data, ele pode ser observado por meio de binóculos na constelação de Lebre, logo após o pôr-do-sol, com um brilho em torno da magnitude 6,5. Já entre os dias 7 e 24 de junho, o astro pode ser observado na constelação de Cão Maior, com seu brilho caindo de 7ª para a 8ª magnitude. No restante do mês, 12P/Pons-Brooks transita na constelação de Popa, com sua magnitude caindo para 9ª magnitude. Esse cometa voltará para próximo da Terra apenas em 2095.

13P/Olbers

No dia 29 de junho, o cometa 13P/Olbers passa a 176,5 milhões de km do Sol. Porém, já no início de junho, ele é observado ao anoitecer na constelação de Auriga, com brilho de  8ª magnitude. Em 18 de junho, ele entra na constelação de Lince, com seu brilho aumentando para 7,5. No dia da máxima aproximação ao Sol, ele deve chegar a 7,5 de magnitude, ainda na constelação de Lince. A futura visita desse cometa ao Sistema Solar interior será em 2094.

Planetas

Mercúrio (magnitude de -0,7) é melhor observado na última semana de junho, na constelação de Gêmeos. 

Marte (1,0) e Júpiter (2,0) são visíveis ao amanhecer. Enquanto o planeta vermelho passeia durante o mês entre as constelação de Peixes e Áries, o gigante gasoso é visível após a segunda semana de junho na constelação de Touro.

Saturno (1,1) pode ser apreciado durante a madrugada na constelação de Aquário. Para quem observa o planeta com telescópios pequenos, pode encontrar dificuldade para ver os anéis devido à sua inclinação de apenas 1,9º.

Ainda para quem usa telescópios, Urano (5,8) é visível ao amanhecer transitando entre as constelações de Touro e Áries, e Netuno (7,9) na constelação de Peixes, durante a madrugada.

Vênus não é visível durante o mês por conta de sua conjunção com o Sol, no dia 4.

Quanto aos planetas anões, Ceres é visível após às 20h na constelação de Sagitário, na magnitude de 7,6; e Plutão após às 21h em Capricórnio, com brilho de 14,4 de magnitude.

Estrelas variáveis

Para quem curte estrelas variáveis, em junho várias delas alcançam o máximo brilho. Confira:

  • R Aql (mag. 6,1) no dia 10 de junho
  • R Lep (mag. 6,8) no dia 15 de junho
  • S UMa (mag. 7,8) no dia 19 de junho
  • RS Lib (mag. 7,5) no dia 20 de junho
  • khi Cyg (mag. 5,2) no dia 27 de junho

O que observar com um binóculo em junho?

Aglomerado M3

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Aglomerado M3 fotografado pelo Telescópio Hubble. Imagem: NASA/ESA

Este é um dos aglomerados estelares mais fáceis de se encontrar com um binóculo. M3 está localizado na constelação de Cães de Caça, descoberto em 1764, pelo francês Charles Messier, e catalogado incorretamente como uma nebulosa. Foi somente em 1784, que William Herschel concluiu que o objeto era um aglomerado de estrelas. 

Estima-se que o aglomerado tenha meio milhão de estrelas, sendo um dos maiores e mais brilhantes aglomerados já descobertos. M3 também é um dos objetos mais antigos da galáxia, tendo cerca de 8 bilhões de anos. Além disso, é o aglomerado com o maior número de estrelas variáveis já encontrado, com pelo menos 274 delas. Destas, 170 são do tipo RR Lyrae, estrelas essas usadas por astrônomos para medir distâncias na galáxia.

O aglomerado está localizado a 34 mil anos-luz da Terra e tem uma magnitude aparente de 6,2, brilhante o suficiente para ser observado com um bom par de binóculos.

Confira algumas sugestões de binóculos:

O que observar com um telescópio em junho?

Aglomerado NGC 6397

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Aglomerado NGC 6397 fotografado pelo Hubble. Imagem: NASA/ESA

Localizado na constelação do Altar, acredita-se que NGC 6397 seja um dos aglomerados globulares mais próximos da Terra, há cerca de 7,8 mil anos-luz. Ele foi descoberto pelo astrônomo francês Nicolas Lacaille em 1751 com um telescópio de 127 mm. 

O aglomerado é formado por centenas de milhares de estrelas, incluindo estrelas azuis perto do fim de suas vidas, além de gigantes vermelhas que já consumiram seu combustível hidrogênio e expandiram de tamanho. Inclusive, o aglomerado também conta com estrelas parecidas com o nosso Sol.

Confira algumas sugestões de telescópios:

Para encontrar objetos no céu noturno, utiliza apps dos tipo planetário. Confira aqui alguns aplicativos indicados!

Fontes das efemérides: Anuário Astronômico Catarinense 2024 / Aprendendo a Ler o Céu

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.