Brasileiros descobrem a anã branca com a rotação mais rápida

Estrela do tamanho da Terra completa um giro a cada meio minuto.

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Concepção artística de um sistema binário com uma anã branca capturando matéria de sua companheira. Imagem: Rodrigo Cassaro/Observatório Nacional

Uma equipe formada por cinco pesquisadores, sendo quatro deles de instituições brasileiras, acabam de descobrir a estrela anã branca com a maior velocidade de rotação já encontrada. A anã branca do tamanho da Terra faz parte de um sistema binário composto de duas estrelas, conhecido como CTCV J2056-3014 e está a uma distância de 850 anos-luz do Sol.

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Enquanto o nosso planeta demora 23 horas, 56 minutos e 4 segundos para completar um giro, a anã branca completa o movimento em apenas 29,6 segundos.

Durante um dia terrestre a estrela chega a dar quase 3 mil giros, o que representa um recorde de rotação entre todas as anãs brancas conhecidas até agora.

O trabalho dos astrônomos foi baseado em observações em raio-X por meio do telescópio espacial XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), e em luz visível a partir do telescópio do Observatório do Pico dos Dias (OPD), em Minas Gerais.

O estudo apontou que a variação do brilho do sistema binário, tanto em raios-X quanto na luz visível, se repetia a cada 29,6 segundos.

Antes desta descoberta, o recorde de rotação em uma anã branca era de 33 segundos. Normalmente, a rotação de uma estrela varia entre vários minutos a várias horas em um sistema binário. Estrelas isoladas tem um período de giro de alguns dias.

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“O estudo de CTCV J2056-3014 tem implicações científicas importantes sobre interação entre matéria e campos magnéticos, que é de grande interesse em Física, e que nesse sistema se dá com matéria caindo sobre uma estrela magnetizada e em rotação elevada. O que foi observado em CTCV J2056-3014 abre horizontes para um melhor entendimento sobre estrutura e evolução estelar, e também sobre a origem de campos magnéticos em estrelas evoluídas”, explica o pesquisador Raimundo Lopes de Oliveira Filho, professor da Universidade Federal de Sergipe e do Observatório Nacional, que liderou o estudo.

Também participaram da pesquisa os brasileiros Albert Bruch, do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA); Claudia Vilega Rodrigues, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Alexandre Soares de Oliveira, da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP); e o japonês Koji Mukai, da NASA e University of Maryland Baltimore County (UMBC).

O estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

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As duas estrelas do sistema CTCV J2056-3014 movem-se uma em torno da outra a uma distância equivalente entre a Terra e a Lua.

O campo magnético da anã branca de CTCV J2056-3014 é aproximadamente 1 milhão de vezes mais intenso que o da Terra. Isso acaba fazendo com que ela capture parte da matéria de sua companheira por meio de estruturas que podemos imaginar como tubos magnéticos.

Uma estrela do tipo anã branca é um dos possíveis estágios finais na evolução de uma estrela. A maioria das estrelas do Universo se tornam em anãs brancas. Inclusive, este será o destino do nosso Sol.

Apesar de uma estrela anã branca tem uma massa similar ao Sol, ela tem um volume do tamanho da Terra, portanto, sendo muito densa. Um caixa de fósforo com o material dessa estrela pesaria 25 toneladas.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.