As duas novas sondas que a NASA enviará para Vênus

Desde 1990, a agência espacial não envia uma missão exclusiva para estudar o planeta.

As duas novas sondas que a NASA enviará para Vênus
Imagem: JAXA/ISAS/Akatsuki Project Team/ Royal Astronomical Society .

Por mais que Marte tem sido a “bola da vez” da exploração espacial nas últimas décadas, a NASA pretende enviar duas missões ambiciosas para o planeta Vênus até o final desta década. A novidade marca uma mudança de foco na divisão de ciência planetária da agência espacial americana, que não envia uma missão para estudar Vênus desde o ano de 1990.

Por mais que a superfície venusiana não seja habitável para humanos, o planeta é um excelente objeto de estudo para entender como surge o efeito estufa, ajudando a administrar melhor o aquecimento global aqui na Terra.

Enquanto na Terra, boa parte do carbono está preso às rochas, em Vênus ele escapou para atmosfera, tornando-a composta por 96% de dióxido de carbono. Isso gerou um efeito estufa descontrolado no planeta, elevando as temperaturas da superfície para até 470° C.

Mais do que isso, a pressão atmosférica de Vênus é 90 vezes maior do que a Terra, o suficiente para esmagar instantaneamente potenciais sondas aterrissadoras no planeta. Não é de se estranhar que poucas missões foram enviadas para Vênus.

Até o momento, somente a antiga União Soviética conseguiu fazer pousos controlados de sondas em Vênus, entre as décadas de 1960 e 1980. A primeira tentativa foi a Venera 7, mas ela caiu sobre a superfície por conta do derretimento do paraquedas. Felizmente, ela conseguiu transmitir 20 minutos de dados de volta à Terra.

Pousos bem-sucedidos foram feitos pelas sondas Venera 9, 10, 13 e 14, inclusive com o envio de imagens da superfície.

Já a NASA, enviou apenas a missão Pioneer Vênus 2, em 1978, que transportou três pequenas sondas que foram lançadas sobre o planeta e transmitiram dados enquanto elas caiam em direção à superfície. Surpreendentemente, duas delas conseguiram sobreviver ao impacto e transmitiram dados da superfície por mais de 1 hora.

Por enquanto, a maior parte da exploração de Vênus pela NASA foi feita a distância, por meio do sobrevoo da Mariner 2, em 1962, e da entrada em órbita da Magellan, em 1990.

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Mais recentemente, a sonda Parker Solar Probe, fez vários sobrevoos de Vênus, enquanto ela viajava para o Sol.

Entretanto, com a notícia da descoberta de fosfina na atmosfera de Vênus, o planeta voltou aos holofotes.

Missão Davinci+

Ilustração artística da Davinci+ descendo na atmosfera de Vênus.
Ilustração artística da Davinci+ descendo na atmosfera de Vênus. Imagem: NASA GSFC por CI Labs Michael Lentz e outros

A primeira das duas novas missões selecionadas pela NASA foi batizada de Davinci+, sigla em inglês de “Investigação de Vênus em Atmosfera Profunda de Gás Nobre, Química e Imagens”.

A missão terá o objetivo de medir a composição da atmosfera de Vênus para entender como ela se formou e evoluiu, assim como determinar se o planeta já teve um oceano no passado.

A sonda consiste em uma esfera de descida que mergulhará em queda livre na atmosfera venusiana, fazendo medições dos gases e outros elementos, ajudando a entender o processo de efeito estufa e compará-lo com o nosso planeta.

Segundo a NASA, estudar Vênus também ajuda a entender mundos distantes parecidos com Vênus, fornecendo informações sobre como mundos potencialmente habitáveis evoluem ao longo do tempo.

A Davinci+ também deverá captar imagens de alta resolução de características geológicas do planeta e verificar se o Vênus possui placas tectônicas, a exemplo do que acontece em nosso planeta.

Missão Veritas

Ilustração artística da Veritas fazendo o mapeamento de Vênus.
Ilustração artística da Veritas fazendo o mapeamento de Vênus. Imagem: NASA/JPL-Caltech

Já a segunda missão será composta por um orbitador que terá a função de mapear a superfície de Vênus e complementar as observações da Davinci+.

A “Emissividade de Vênus, Radiociência, InSAR, Topografia e Espectroscopia”, ou Veritas, transportará dois instrumentos, sendo um deles um radar que mapeará em 3D as elevações da superfície em quase todo o planeta. Isso irá confirmar a questão das placas tectônicas e se o vulcanismo ainda está ativo em Vênus.

A Veritas também usará um mapeador infravermelho – fornecido pelo Centro Aeroespacial Alemão, Agência Espacial Italiana e o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França – que irá mapear os tipos de rocha do planeta, algo que ainda é desconhecido. Também espera-se determinar se vulcões estão liberando vapor de água na atmosfera.

A NASA prevê que o lançamento das missões Davinci+ e Veritas sejam lançadas em direção à Vênus entre os anos de 2028 e 2030.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.