Qual o melhor telescópio para ver os anéis de Saturno?

Veja as principais dicas de como comprar um instrumento astronômico e observar os anéis de Saturno com um telescópio.

O planeta Saturno e seus anéis
Imagem: Michael Teoh

Os anéis de Saturno são verdadeiras joias do Sistema Solar. Para quem compra um telescópio, o planeta sempre está na lista dos primeiros astros a serem observados com o novo instrumento. A má notícia é que o planeta está muito distante da Terra, a cerca de 1,4 bilhão de km – o que requer investir em um bom telescópio para conseguir observar o gigante gasoso.


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Saturno é o segundo maior planeta do nosso Sistema Solar. Ele é ligeiramente achatado nos polos e tem um diâmetro polar de 108,7 mil km, contra um diâmetro equatorial de 120,5 mil km. A título de comparação, o planeta com anéis tem um diâmetro 17 vezes maior do que o da Terra.

Mesmo distante, o grande tamanho do planeta permite que ele seja observado facilmente da Terra. Por outro lado, para conseguir ver detalhes dos anéis de Saturno, é preciso utilizar telescópios newtonianos básicos e intermediários com abertura a partir de 100 mm.

Claro, quanto maior a abertura e qualidade da ótica do instrumento, você verá o sistema de anéis com mais detalhes e nitidez, como você pode ver na comparação abaixo – entre um telescópio de 100 mm e outro de 200 mm:

Saturno visto através do telescópio
O tamanho de Saturno no telescópio pode variar de acordo com as condições do céu, das oculares usadas, da qualidade óptica do telescópio, assim como a distância do planeta da Terra.

No varejo brasileiro é possível encontrar alguns modelos de telescópios newtonianos com diferentes faixas de preços, marcas e aberturas. Confira alguns deles:

Quando é possível ver Saturno no céu?

Como a órbita do Saturno é maior do que a da Terra, ele é visto no céu durante boa parte do ano. A melhor época para observar o planeta é durante a “oposição” – quando Saturno está mais próximo da Terra e alcança o seu máximo brilho, o que significa que seus anéis também ficam mais brilhantes ao telescópio.

Em 2024, por exemplo, ele só não é observável em partes dos meses de fevereiro e março, devido a sua conjunção com o Sol. Ou seja, quando ele está na mesma direção do Sol, impedindo de ser observado da Terra.

Ainda tendo o ano de 2024 como exemplo, o planeta estará visível durante o amanhecer, a partir do final de março. Com o passar dos meses, ele ficará cada vez mais visível durante a madrugada. Em setembro, época de sua oposição, ele poderá ser observado durante toda a noite. Já no último trimestre do ano, ele é encontrado no céu ao anoitecer.

Para saber quando observar Saturno, é possível baixar no celular aplicativos do tipo planetário, que indicam a posição do planeta no céu em tempo real.

Além disso, a dica é acompanhar a seção de Efemérides aqui do Futuro Astrônomo, onde você pode acompanhar os melhores meses para observar Saturno e outros astros do céu.

Outra dica é sempre observar Saturno em locais escuros, longe das grandes cidades. Pode ser parques, sítios ou acampamentos. Além disso, invista em telescópios com qualidade óptica, assim como boas oculares e lentes de ampliação (Barlow).

Passo a passo para observar Saturno com o telescópio

Para encontrar Saturno no céu com um telescópio, siga os seguintes passos:

  1. Comece localizando o planeta por meio da buscadora – aquela “pequena luneta” no corpo do telescópio.
  2. Use uma ocular de baixa potência (por exemplo, 25mm) e centralize Saturno no campo de visão do telescópio.
  3. Remova cuidadosamente a ocular de baixa potência e coloque uma ocular de alta potência (10 mm) no telescópio.
  4. Novamente centralize o planeta e ajuste o foco até que a imagem fique o mais clara possível.
  5. Para ampliar a imagem, remova a ocular de alta potência e encaixe uma Lente Barlow no focalizador e, em seguida, recoloque a ocular de alta potência na Barlow. Neste caso, será preciso ajustar o foco.

Dica: Evite observar Saturno no início da noite ou quando ele está muito próximo do horizonte, pois a turbulência do ar perto do horizonte ou acima dos telhados pode dificultar a tarefa de focalizar o planeta. Conforme o planeta fica mais alto no céu, a imagem de Saturno deve melhorar.

Vale lembrar que existem modelos de telescópios motorizados ou computadorizados que facilitam o trabalho de localizar e acompanhar o movimento do planeta pelo céu. É o caso, por exemplo, deste modelo da Celestron.

É verdade que os anéis de Saturno vão desaparecer?

Da mesma forma que a Terra, o planeta Saturno também gira ao redor do Sol em um eixo inclinado — de cerca de 26,7°. Conforme os planetas se movimentam pelo Sistema Solar, a inclinação dos anéis muda ligeiramente em relação à Terra.

Por isso, no próximo dia 23 de março de 2025, os anéis de Saturno vão realmente “desaparecer”, pois eles estarão exatamente de “lado” quando vistos da Terra. Nessa configuração, os anéis vão refletir pouca luz e serão quase “invisíveis” da Terra, como na ilustração a seguir:

desaparecimento aneis saturno
Imagem: NASA/Divulgação

Felizmente, esse desaparecimento é temporário, com os anéis sendo visíveis gradualmente alguns meses depois. Uma curiosidade é que, enquanto em 2024 vemos a “parte de cima” dos anéis, após o desaparecimento, será visível a parte de baixo.

O fenômeno do desaparecimento dos anéis se repete a cada 13 a 15 anos. A última vez que eles desapareceram foi no ano de 2009.

Quantos anéis têm Saturno?

Vale lembrar que Saturno não é o único planeta gigante gasoso a ter anéis. Porém, eles são de longe os mais espetaculares e complexos. Ao todo o sistema é formado por sete anéis, com cada um deles orbitando em uma velocidade diferente ao redor do planeta. Eles são nomeados com letras do alfabeto.

Os anéis principais são A, B e C. Já os anéis D, E, F e G são mais fracos e descobertos recentemente.

Começando em Saturno e movendo-se para fora, a sequência dos anéis é a seguinte: anel D, C, B, A, F, G e E. Mais longe, há o anel “Phoebe” muito fraco e que compartilha a órbita da lua Phoebe.

Os anéis de Saturno
Imagem: NASA/Divulgação

Como surgiram os anéis de saturno?

Atualmente, a teoria mais aceita é que os anéis de Saturno foram formados há cerca de 100 milhões de anos, quando uma de suas antigas luas – batizada de Crisálida – foi despedaçada.

A destruição de Crisálida ocorreu depois de a lua ter sofrido fortes interações gravitacionais de Saturno, Titã – a maior lua do planeta –, e também de Urano. Essas interações empurraram a lua para próximo do planeta até o ponto em que a sua estrutura interna não aguentou a maré gravitacional gerada por Saturno e acabou sendo dilacerada.

Isso criou uma série de fragmentos em órbita de Saturno, que, com o tempo, foram colidindo e se despedaçando ainda mais, até formar o anel característico que vemos hoje.

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Qual o material encontrado nos anéis de saturno?

O sistema de anéis é formado por bilhões de pequenos fragmentos de rocha e gelo que vão desde minúsculos grãos até objetos do tamanho de uma casa. Alguns têm, até mesmo, o tamanho de uma montanha.

Os anéis são extremamente finos. Eles se estendem a até 282 mil quilômetros do planeta, mas a sua altura vertical tem cerca de 10 metros. Além disso, eles têm divisões e lacunas entre eles, sendo a Divisão de Cassini a maior delas, com 4.700 quilômetros de largura e que separa os anéis A e B.

É possível ver as luas de Saturno com um telescópio?

De acordo com a NASA, Saturno possui 146 luas conhecidas até junho de 2023. Porém, a maioria delas são pequenas demais para serem vistas com telescópios amadores.

Em uma noite clara e sem nuvens, estando em um local sem poluição luminosa, é possível ver Titã (a maior delas) e mais duas ou três luas com um newtoniano com mais de 110 mm, por exemplo.

Com um telescópio de 150 mm, é possível observar até sete luas: Titã, Réia, Dione, Tétis, Jápeto, Encélado e Mimas.

Assim como os anéis de Saturno, a observação das luas também dependerá de uma série de fatores, como estar em um local escuro e utilizar um telescópio com boa qualidade óptica.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.