‘Planeta X’ será encontrado em até dois anos, diz astrônomo

Estudos apoiam a existência de um nono planeta no Sistema Solar, localizado além da órbita de Netuno.

Concepção artística do Planeta X. Crédito: Nagual Design/Tom Ruen/ESO
Concepção artística do Planeta X. Crédito: Nagual Design/Tom Ruen/ESO

Procurado há décadas, o famoso Planeta X – também conhecido como “Planeta 9” – deverá ser encontrado dentro de um ou dois anos. Pelo menos, é o que afirma o astrônomo americano Michael E. Brown, que publicou recentemente um novo estudo revelando informações detalhadas sobre o hipotético planeta ainda não descoberto do Sistema Solar.

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Desde o início do século XX, anomalias gravitacionais observadas por astrônomos indicam que um planeta que mediria várias vezes o tamanho da Terra estaria orbitando o Sol muito além de Netuno. Foram essas anomalias que levaram à descoberta de Plutão, em 1930. Porém, logo ficou claro que Plutão era pequeno demais para explicar as anomalias.

Mais recentemente, os astrônomos têm pesquisado a influência gravitacional do potencial Planeta 9 em um grupo de Objetos do Cinturão de Kuiper (KBOs, na sigla em inglês), um cinturão de asteroides além da órbita de Netuno composto por mais de 1.000 objetos conhecidos, incluindo Plutão.

A existência do planeta X divide opiniões. Porém, Brown é um dos que apoiam a existência do Planeta 9.

No novo artigo, que teve colaboração do colega Konstantin Batygin, Brown afirma que a órbita do Planeta Nove está mais próxima do Sol do que se imaginava.

Antes, acreditava-se que o planeta completaria uma órbita ao redor do Sol em 18.500 anos. Agora, ele sugere que ele daria uma volta completa em torno da nossa estrela em aproximadamente 7.400 anos. Isso significa que o Planeta X poderia ser mais brilhante e mais fácil de ser observado a partir da terra.

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Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores observaram 11 KBOs. Eles descobriram que existe 99,6% de chance de que os alinhamentos orbitais peculiares desses objetos sejam gerados por um planeta que ainda não foi descoberto.

Entretanto, é válido ressaltar que existem astrônomos céticos quanto ao estudo, argumentando que o número de objetos do cinturão de Kuiper estudados para indicar a existência do nono planeta não é convincente e pode gerar uma “ilusão estatística”.

Planeta 9

Caso o nono planeta do Sistema Solar realmente exista, estima-se que ele seja um planeta gigante gasoso muito frio, parecido, mas menor do que Netuno.

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O novo estudo publicado no arXiv (aprovado para publicação no Astronomical Journal) também apresentou um mapa indicando a região do céu mais provável para encontrar o Planeta X. Se ele for descoberto, seria o primeiro grande planeta a se juntar aos objetos do Sistema Solar desde 1846, quando foi anunciada a descoberta de Netuno.

Além de Brown, outras equipes de astrônomos internacionais estão caçando o hipotético planeta, incluindo o astrônomo brasileiro Rodney Gomes, do Observatório Nacional (ON). No estudo publicado em 2012, Gomes já afirmava que as órbitas irregulares e estranhamente alinhadas de pequenos corpos gelados além de Netuno indicariam que um planeta maior do que a Terra estaria girando em volta do nosso Sol. Em 2015, o brasileiro publicou um novo estudo detalhando suas pesquisas sobre a possibilidade de um corpo não detectado do tamanho de Netuno estar exercendo influência sobre esses objetos.

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“A princípio, as órbitas desses objetos deveriam estar espalhadas no espaço de forma aleatória. A explicação dessa não aleatoriedade na distribuição das órbitas seria sinal da presença de um planeta distante ainda não descoberto no Sistema Solar. A outra explicação possível seria que a aglomeração das órbitas resultaria apenas de um efeito de viés observacional. Existe uma certa discussão nesse sentido entre os cientistas hoje e esse último artigo foca de maneira detalhada nessa questão mostrando, a meu ver, que sustentar viés observacional na explicação da aglomeração das órbitas não parece a melhor escolha”, disse o astrônomo.

Sobre a região de busca apontada por Brown, Gomes afirma que ainda não é possível estimar a órbita e brilho do Planeta X com grande precisão.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.