Passo a passo: como fotografar meteoros

Aprenda na prática como captar com câmeras e celulares imagens das famosas “estrelas cadentes” durante as chuvas de meteoros.

Passo a passo: como fotografar meteoros

A astrofotografia tem se tornado um hobby para muitos astrônomos amadores. Muito além das estrelas e da Lua, também é possível fazer belos registros fotográficos das chuvas de meteoros.

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Os meteoros nada mais são do que pequenos fragmentos de poeira e rocha que entram na nossa atmosfera. Devido à alta velocidade, o atrito com o ar faz com que eles esquentem e criem um rastro brilhante no céu.

Todos os dias meteoros são vistos por milhares de pessoas ao redor do mundo.

Entretanto, é nas chuvas de meteoros que os astrofotógrafos têm as maiores chances de captar belas fotos das “estrelas cadentes”. Isso acontece porque, durante esses eventos, dezenas ou centenas de meteoros parecem surgir de uma mesma região no céu – o que chamamos de radiante. Por isso, basta apontar a câmera ou celular para essa região e torcer para que um meteoro apareça.

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As maiores chuvas de meteoros

Ao longo do ano, cerca de 40 chuvas de meteoros podem ser observadas, mas apenas algumas delas são as mais recomendadas para astrofotografia, por apresentarem uma taxa mais alta de meteoros por hora.

A seguir é possível conferir as maiores:

Lirídeos
Período: 14 a 30 de abril
Máxima atividade: 22 de abril
Taxa: 18 meteoros por hora

Orionídeos
Período: 2 de outubro a 7 de novembro
Máxima atividade: 21 de outubro
Taxa: 20 meteoros por hora

Delta Aquarídeos do Sul
Período: 12 de julho a 23 de agosto
Máxima atividade: 30 de julho
Taxa: 25 meteoros por hora

Eta Aquarídeos
Período: 19 de abril a 28 de maio
Máxima atividade: 6 de maio
Taxa: 50 meteoros por hora

Perseídeos
Período: 17 de julho a 24 agosto
Máxima atividade: 13 de agosto
Taxa: 100 meteoros por hora

Quadrantídeos
Período: 28 de dezembro a 12 de janeiro
Máxima atividade: 3 de janeiro
Taxa: 110 meteoros por hora

Gemínideos
Período: 4 a 20 de dezembro
Máxima atividade: 14 de dezembro
Taxa: 150 meteoros por hora

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Local para fotografar os meteoros

As chuvas de meteoros são ótimos assuntos para o astrofotógrafo iniciante porque não requerem equipamentos especiais ou telescópios.

Entretanto, é preciso estar em um local escuro, para ser possível observar e captar a maior quantidade de meteoros, inclusive os menos brilhantes.

Dessa forma, é importante estar em um local longe da poluição luminosa das grandes cidades. Você pode ir para sítios, chácaras, acampamentos, parques ou reservas naturais localizados em cidades pequenas e médias.

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Antes de viajar, verifique se o local permite observar a constelação da radiante da chuva de meteoros, sem que montanhas, árvores ou prédios atrapalhem a visão.

Como nossos olhos demoram cerca de 15 minutos para se acostumar com a escuridão, utilize uma lanterna com lente vermelha e também instale um aplicativo que torne vermelha a tela do seu celular.

Além disso, caso use uma câmera, evite utilizar a tela LCD, para não ofuscar a sua visão e dificultar a observação dos meteoros.

Equipamentos necessários

Como são visíveis a olho nu, não é preciso lunetas ou telescópios para fotografar os meteoros.

Só será preciso um celular ou câmera DSLR, além de um bom tripé.

O tripé é essencial na astrofotografia, pois a mínima vibração da câmera ou celular fará a imagem ficar borrada. Caso não tenha o tripé, será preciso ter criatividade para usar algum tipo de suporte ou apoio que faça com que a câmera fique imóvel durante a fotografia.

Se possível, utilize um timer ou disparador remoto para evitar a mínima vibração da câmera ou celular durante a foto.

A câmera DSLR é mais indicada por entregar uma foto com melhor qualidade dos meteoros. Contudo, também é possível tirar boas fotos com um smartphone intermediário, desde que ele permita controlar as configurações da câmera – o chamado “modo Pro”.

O Futuro Astrônomo já publicou um artigo listando exemplos de celulares recomendados para a astrofotografia (disponível aqui).

Como fotografar os meteoros

Meteoro captado sobre uma árvore no Parque Fort Griffin, nos Estados Unidos.
Meteoro captado sobre uma árvore no Parque Fort Griffin, nos Estados Unidos. Imagem: Mike Mezeul II/Nikon

A primeira coisa a ser feita é identificar a radiante da chuva de meteoros. De forma geral, o nome da chuva de meteoros indica de qual constelação os meteoros vão surgir.

Na chuva de meteoros Geminídeos, os meteoros surgem da constelação de Gêmeos. Os Orionídeos, surgem da constelação de Órion. Os Perseídeos, de Perseu. E assim por diante.

Você pode utilizar um aplicativo de mapas celestes para celular para procurar no céu a localização exata da constelação.

A partir daí, basta montar a câmera ou celular no tripé, apontar para a direção da constelação da chuva de meteoros e começar a fazer fotos de longa exposição. Caso um meteoro surja durante a exposição, ele ficará marcado na foto como um rastro brilhante.

Geralmente, a melhor hora para fotografar é quando a constelação está na posição mais alta no céu. Isso ocorre entre a meia-noite e 5h da manhã.

Os melhores dias para fotografar meteoros é quando a Lua está na fase Nova, tornando o céu bem escuro, permitindo captar os meteoros mais fracos.

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Qual configuração da câmera utilizar?

Para começar, faça algumas exposições iniciais básicas para experimentar qual é a ideal de acordo com a luminosidade do local.

De forma geral, você pode começar com uma câmera configurada na máxima abertura (em f/2.8, por exemplo), ISO em 4000 e balanço de branco em 4000º Kelvin. Não esqueça de desligar o flash e travar o foco automático (deixando-o no infinito).

Quanto ao tempo de exposição, você pode experimentar algo em torno de 10 a 20 segundos. Evite exposições mais longas de 25 segundos, pois o movimento da Terra pode fazer com que as estrelas pareçam riscadas na foto.

Aqui é na tentativa e erro. Vá fazendo várias fotos em sequência, até que um meteoro surja no momento que a câmera ou celular está fazendo a foto de longa exposição. As maiores chuvas têm taxas entre 20 e 150 meteoros por hora. Ou seja, em algum momento você conseguirá captar pelo menos um.

Interrompa a exposição caso você aviste algum avião, balão ou satélite passando na frente do campo de visão da câmera. Eles podem gerar riscos que podem ser facilmente confundidos com meteoros.

Uma dica extra é fotografar em RAW, para que qualquer pós-processamento seja feito em um arquivo que tenha mais dados digitais da câmera.

Por fim, experimente e divirta-se. A astrofotografia é viciante e em pouco tempo você estará apto não apenas para fotografar meteoros, mas também fazer belas e criativas composições com a paisagem ao redor.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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