Empresa pretende cultivar alimentos em estufas espaciais

Ideia é utilizar raios cósmicos para induzir mutações em alimentos e torná-los mais resistentes e produtivos.

Concepção artística de uma estufa espacial dentro do módulo Nanoracks StarLab Outpost.
Concepção artística de uma estufa espacial dentro do módulo Nanoracks StarLab Outpost. Imagem: Nanoracks / Mack Crawford

A empresa privada de serviços espaciais Nanoracks anunciou a inauguração da subsidiária StarLab Oasis, que terá foco no desenvolvimento tecnológico aplicado ao agronegócio. Instalada nos Emirados Árabes Unidos, a nova unidade busca produzir alimentos superresidentes a partir do uso de estufas espaciais.

A Nanoracks explica que a empresa busca lidar com os crescentes problemas de desertificação, mudanças climáticas, escassez de água e segurança alimentar que o mundo enfrenta.

A escolha dos Emirados Árabes Unidos não foi em vão. Hoje, 90% dos alimentos do país são importados. Com a nova empresa, a Nanoracks quer criar novas variedades de alimentos que poderiam ser cultivados em condições áridas na Terra, assim como ambientes hostis fora da Terra.

Para isso, a StarLab Oasis pretende enviar sementes ao espaço para induzir mutações por meio de raios cósmicos, na esperança de criar culturas agrícolas essenciais mais resistentes e produtivas. Esta técnica é chamada de mutagênese espacial.

A nova empresa será composta por uma equipe internacional de pesquisadores em diversas áreas, como bioengenharia, ciências vegetais, tecnologia de sementes genômicas, robótica e softwares automatizados.

“Esses pesquisadores trabalharão em estreita colaboração com a equipe Nanoracks existente e produtos no espaço, e com nossos parceiros nos Emirados Árabes Unidos, permitindo que a empresa avance rapidamente para a liderança de mercado nas áreas críticas de agricultura, ciência do clima e sustentabilidade”, afirmou a Nanoracks em comunicado.

Allen Herbert, gerente geral da StarLab Oasis, acredita que no futuro uma grande quantidade da produção mundial sustentável e economicamente eficiente de alimentos virá de desertos ou do espaço.

“A razão para isso é a abundância de energia solar renovável. Acredito que, graças à tecnologia que desenvolvemos, seremos capazes de cultivar plantas com mais eficiência nos desertos e no espaço por causa da energia disponível”, explica Herbert.

No ano que vem, a empresa pretende inaugurar a primeira estufa experimental nos Emirados Árabes Unidos.

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Já as estufas espaciais devem começar a operar em 2024, a partir do desenvolvimento da tecnologia que transformaria estágios de foguetes em estações espaciais em miniatura.

Mutagênese Espacial

Apesar de parecer uma novidade, a mutagênese espacial é utilizada pela China desde o final de 1980, com o país enviando sementes para viagens ao espaço que duram algumas semanas.

Em 2006, por exemplo, os chineses lançaram o satélite Shijian-8 contendo 215 kg de sementes de vegetais, frutas e grãos. Mais de 200 variedades de culturas com rendimento melhorado, resiliência ambiental e resistência a doenças já foram aprovadas por órgãos reguladores chineses. Hoje, por exemplo, a segunda variedade de trigo mais cultivada no país, a Luyuan 502, passou pelo processo de mutagênese espacial.

Até o momento, a China é o único país do mundo que possui um programa de criação de alimentos espaciais que traz benefícios para residentes do país.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.