China pretende levar 50 países para a Lua (incluindo o Brasil)

Projeto de construção de base lunar permanente na Lua já tem 10 interessados. China convidou todos os países para o projeto.

Conceito de exploração lunar promovido pela China e Rússia. Imagem: CNSA/Divulgação
Conceito de exploração lunar promovido pela China e Rússia. Imagem: CNSA/Divulgação

A China anunciou que pretende fechar parcerias com 50 países (incluindo o Brasil) para desenvolver um projeto de construção de uma base lunar de pesquisa internacional. A ideia é construir uma estrutura básica no Sul da Lua até 2035 e uma estação ampliada até 2045.

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No último dia 20 de julho, Dia Internacional da Lua e aniversário de 55 anos do pouso da Apollo 11, a China fez um chamado dizendo que o país está aberto para um cooperação internacional para a exploração lunar.

Wu Weiren, designer-chefe do programa de exploração lunar da China, direcionou o convite a todos os países, incluindo os ocidentais, os localizados no “Sul Global”, bem como os emergentes do BRICS – grupo este que o Brasil faz parte.

A ILRS (Estação Internacional de Pesquisa Lunar) é um empreendimento anunciado em março de 2021, a partir de uma parceria entre a China e a Rússia. Porém, desde o início da Guerra na Ucrânia, a China vem liderando diplomaticamente e tecnologicamente o projeto da ILRS.

Até o momento, 10 países já se juntaram oficialmente ao projeto. São eles: Venezuela, Belarus, Paquistão, Azerbaijão, África do Sul, Egito, Nicarágua, Tailândia, Sérvia e Cazaquistão.

A expectativa é que a Turquia também se una ao grupo em breve. Ao mesmo tempo, várias universidades, empresas, institutos e organizações ao redor do mundo já assinaram memorandos de entendimento.

Por outro lado, a invasão da Ucrânia também fechou algumas portas para o projeto. A ESA (Agência Espacial Europeia), por exemplo, já declarou que não pretende se envolver com o projeto da base lunar China-Rússia. Segundo a agência, eles ainda estão “muito ocupados” com o projeto da ISS (Estação Espacial Internacional).

Já os Estados Unidos, tem sanções em vigor proibindo a cooperação com a Rússia, também devido à Guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, os estadunidenses tem travado uma guerra tecnológica/comercial com a China, incluindo a imposição de restrições para que empresas do país não se envolvam com entidades chinesas — inclusive no setor espacial.

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Brasil na Lua

Vale lembrar que, em 2021, o Brasil assinou os Acordos de Artemis, uma coalizão de mais de 40 países liderada pela NASA para a exploração da Lua, Marte e outros corpos celestes. A ideia é criar um entendimento pacífico entre os países em torno de princípios como transparência, interoperabilidade, assistência emergencial, divulgação de dados científicos, além de evitar conflitos no espaço. 

Por enquanto, dentro do acordo, não há a expectativa de que um astronauta brasileiro faça uma viagem à Lua durante o programa Artemis. Porém, o governo do Brasil já formalizou o interesse em apoiar pesquisas em agricultura espacial. Isso inclui o desenvolvimento de sistemas de produção e adaptação de culturas para alimentar astronautas em futuras viagens ao espaço profundo. 

Em teoria, não há impedimentos explícitos para que o Brasil feche também um potencial acordo com a China.

O Bahrein, por exemplo, é um signatário dos Acordos de Ártemis, e também assinou um acordo com a China abrangendo a exploração lunar e o espaço profundo. Porém, esse acordo não prevê de forma clara uma participação na estação lunar.

Já o Peru, outro signatário dos Acordos Artemis, também está envolvido no projeto da ILRS por meio de sua participação na APSCO (Organização de Cooperação Espacial Ásia-Pacífico).

Além disso, o Brasil conta com outros acordos espaciais de longa data com a China e com os BRICS, principalmente na área de satélites.

Apesar da visão otimista da NASA de promover a colaboração internacional e evitar conflitos, os Acordos de Artemis podem gerar tensões ou mesmo uma competição no espaço. Uma vez que o programa Artemis também visa explorar recursos existentes no polo Sul da Lua. Além disso, China e Rússia já criticaram abertamente o acordo capitaneado pelos EUA, chegando a afirmar que ele tem um tom “colonialista”.

Em 2020, por exemplo, o diplomata brasileiro Andre Rypl destacou em uma conferência a importância de estabelecer definições uniformes para conceitos-chave relacionados à exploração espacial. Eles também devem permitir uma verdadeira cooperação internacional para garantir que as atividades espaciais sejam conduzidas de forma pacífica. Ele argumentou que isso só pode ser feito se as negociações ocorrerem em um fórum onde todos os membros da comunidade internacional possam expressar suas opiniões.

China em direção à Lua

Até o final desta década, a China pretende lançar as missões Chang’e-7 e Chang’e-8. Elas vão mapear e explorar os recursos existentes no polo Sul lunar, além de testar tecnologias. Também até 2030, a China pretende enviar os seus primeiros astronautas à Lua.

Por outro lado, a construção da base lunar permanente envolverá o lançamento de cinco missões, com o objetivo de estabelecer energia, comunicações e outras infraestruturas na superfície da Lua.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.