Astrônomos propõem construção de nova antena em Arecibo

Icônico observatório ruiu em dezembro de 2020.

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Conceito da rede de antenas parabólicas do projeto ngVLA. Crédito: Sophia Dagnello, NRAO / AUI / NSF

Os Estados Unidos ainda não decidiram oficialmente o que pretendem fazer com o local onde antes operava o famoso Radiotelescópio de Arecibo. Mas, se depender de astrônomos americanos, ele poderá fazer parte de uma ampla rede de antenas parabólicas para estudos na área da radioastronomia.

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Nesta quinta-feira, 4 de novembro de 2021, a Academia Nacional de Ciências dos EUA publicou um relatório em que aponta quais devem ser as prioridades científicas do país para a próxima década.

Entre os conceitos propostos pelos cientistas, está a construção de uma rede de 263 antenas parabólicas, batizada de “Next Generation Very Large Array”, ou simplesmente ngVLA.

Essas antenas seriam construídas por toda a extensão da América do Norte, sendo concentradas principalmente na região sudoeste dos Estados Unidos.

Juntas, elas teriam sensibilidade para detectar objetos fracos, tendo uma resolução 10 vezes superior ao do atual Very Large Array (VLA), localizado no estado de Novo México, nos Estados Unidos.

O projeto também prevê a construção de antenas em locais mais distantes, como no Canadá, no Havaí, nas Ilhas Virgens Americanas, assim como em Porto Rico, justamente onde funcionava o antigo Observatório de Arecibo.

Como o radiotelescópio colapsou repentinamente no final do ano de 2020, os cientistas americanos não tiveram tempo para incluir no relatório uma proposta mais elaborada sobre um potencial substituto. Porém, foi sugerido que o local poderia receber uma antena de médio porte do projeto ngVLA.

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Caso o financiamento do projeto seja aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos, a construção da rede de antenas deve começar em 2026, com as primeiras observações científicas iniciando em 2029.

Essa rede de antenas poderá estudar desde a formação de exoplanetas, passando por testes da teoria da relatividade usando pulsares e buracos negros, bem como o estudo de algumas das primeiras galáxias do Universo.

“Ser classificado como uma nova iniciativa importante indica que nossos colegas de todas as especialidades dentro da astronomia e astrofísica reconheceram que precisam do ngVLA para enfrentar os principais desafios de pesquisa das próximas décadas. Projetamos o ngVLA com base em extensos conselhos da comunidade de pesquisa e sei que será muito procurado por cientistas de todo o mundo”, disse o diretor do National Radio Astronomy Observatory, Tony Beasley.

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Destruição do Radiotelescópio de Arecibo

Em março deste ano, a Fundação Nacional da Ciência dos EUA (NSF, na sigla em inglês) publicou um relatório em que fez uma análise do colapso do Radiotelescópio de Arecibo.

O problema começou em 10 de agosto de 2020, quando um cabo auxiliar que sustentava a plataforma de instrumentos do observatório se soltou de uma das torres. Na queda, o cabo acabou danificando cerca de 250 painéis refletores da antena do telescópio.

Para garantir a estabilidade da estrutura, técnicos e engenheiros implementaram um plano para aliviar o peso sobre os outros cabos, enquanto um cabo substituto era encomendado para ser instalado no local.

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Porém, em 6 de novembro de 2020, um segundo cabo se rompeu, o que aumentou as chances de que o telescópio estava próximo de uma falha catastrófica, com o desabamento descontrolado da estrutura.

Correndo contra o tempo, a NSF determinou que o caminho mais sensato seria o de encerrar as atividades no observatório, salvar o maior número possível de equipamentos científicos e começar a demolição controlada do radiotelescópio.

Entretanto, antes que o novo plano fosse colocado em prática, no dia 1º de dezembro de 2020, a estrutura ruiu, encerrando a história do icônico radiotelescópio.

Uma avaliação forense ainda está em curso para entender as causas da falha do primeiro cabo.

“Durante seus 57 anos de operação, o telescópio foi parte integrante das capacidades dos EUA para o avanço da pesquisa científica em radioastronomia, pesquisa planetária e geociências, e serviu como um local icônico para os residentes de Porto Rico e a comunidade científica”, afirmou a NSF em relatório.

“O processo da NSF para estabelecer qualquer nova instalação científica significativa depende de prioridades estabelecidas pela comunidade científica e da revisão rigorosa por pares do mérito intelectual e amplos impactos da atividade proposta”, concluiu.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é jornalista, escreve sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Ele também é grande entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.