Estudo indica a existência de mais de 30 civilizações na Via-Láctea

O grande problema é a distância entre elas.

Homem sob o céu noturno.
Homem sob o céu noturno. Crédito: Andrea Caramello/Unsplash.

Estamos sós no Universo? Esta é uma das grandes questões que mexem com a cabeça das pessoas há muito séculos. Como ainda não possuímos a tecnologia da viagem interestelar e as tentativas de contato promovidas pelo programa SETI ainda não obtiveram sucesso, só nos resta recorrer à probabilidade e a estatística para especular sobre a vida inteligente na nossa galáxia.

Um novo estudo liderado pela Universidade de Nottingham, no Reino Unido, e publicado no Astrophysical Journal, adotou uma nova abordagem para responder a grande questão.

Ao supor que as formas inteligentes de vida em outros planetas são parecidas com as da Terra, e que elas duraram tanto tempo quanto a nossa, cientistas calcularam que poderia haver nada menos que 36 civilizações ativas e com tecnologia de comunicação em nossa galáxia, a Via-Láctea.

Desde a famosa fórmula de Frank Drake, que pretende estimar a quantidade de civilizações inteligentes na galáxia, os cálculos se baseavam em adivinhar valores relacionados à vida, em que as opiniões sobre esses assuntos variam bastante. Dependendo dos valores informados, a fórmula indicava milhões de civilizações simultâneas na galáxia ou mesmo nenhuma.

O novo estudo simplifica essas suposições usando novos dados, fornecendo-nos uma sólida estimativa do número de civilizações em nossa galáxia.

Ao utilizar como critério estrelas parecidas com o Sol (com conteúdo rico em metais) e que uma civilização emerge em 4,5 bilhões de anos após a formação do planeta (assim como ocorreu na Terra), foi possível chegar ao número de 36 civilizações ativas.

“A ideia é olhar para a evolução, mas em escala cósmica. Chamamos esse cálculo de limite copernicano astrobiológico”, afirmou Christopher Conselice, professor de astrofísica que liderou a pesquisa.

Primeiro contato?

O grande problema é a distância média entre essas civilizações. A mais próxima poderia estar a 17 mil anos luz, longe demais para promover algum tipo de comunicação instantânea com a nossa tecnologia atual.

Nossas transmissões de rádio existem há pouco mais de 100 anos, o que significa que uma raça alienígena num raio de 100 anos-luz ao redor da Terra poderia nos detectar.

Por outro lado, se uma civilização extraterrestre já possui a tecnologia de rádio há mais tempo que os humanos, o alcance de sua comunicação também seria maior, o que permitiria que nós os detectemos primeiro.

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Entretanto, a comunicação seria impraticável. Se uma civilização estiver a 17 mil anos-luz da Terra, isso significa que um sinal saindo da Terra demoraria 17 mil anos para chegar lá. A “resposta” deles demoraria outros 17 mil anos para chegar.

Esse tipo de estudo não apenas especula sobre a existência da vida fora da Terra e a sua duração, mas também lança uma reflexão sobre nossa própria civilização e por quanto tempo ela permanecerá ativa.

É possível que sejamos a única civilização dentro de nossa galáxia, a não ser que o tempo de sobrevivência da vida inteligente em outros planetas seja tão longo quanto a nosso.

“Se acharmos que a vida inteligente é comum, isso revelaria que nossa civilização pode existir por muito mais do que algumas centenas de anos; alternativamente, se descobrirmos que não há civilizações ativas em nossa galáxia, é um mau sinal para nossa própria existência a longo prazo”, conclui Conselice.

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Sobre o Autor

Hemerson Brandão
Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.