Brasil vai inaugurar radiotelescópio no sertão da Paraíba

Instrumento será utilizado para estudar a evolução do universo e tentar desvendar a energia escura.

Concepção artística do BINGO.
Concepção artística do BINGO. Imagem: USP-IF Divulgação

A partir do ano que vem, o Brasil contará com um novo radiotelescópio para estudar a evolução do Universo. No segundo semestre de 2022, será inaugurado na cidade de Aguiar, no interior da Paraíba, o radiotelescópio BINGO (acrônimo para Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations).

O novo instrumento terá dois pratos gigantes, com cerca de 48 e 32 metros de diâmetro. Ele deverá operar na faixa de frequência que vai de 0,96 GHz a 1,26 GHz. O objetivo é fazer a primeira detecção de Oscilações Acústicas de Bárions (BAO, na sigla em inglês), por meio de frequências de rádio.

O objetivo do novo radiotelescópio será medir a distribuição de bolsões de hidrogênio neutro no Universo utilizando uma técnica chamada de “mapeamento de intensidade”. Ao encontrar ondas causadas por oscilações de bários, é possível compreender melhor a matéria que forma o Universo. O BINGO permitirá estudar a partir do céu brasileiro a evolução do Cosmos, indicando a distribuição das galáxias logo após o Big Bang, além de tentar desvendar a misteriosa energia escura.

O projeto é liderado pelo Brasil e terá parcerias com outros países, como China, África do Sul, Reino Unido, Coréia do Sul, Portugal e França. O custo global do BINGO, incluindo os custos com o pessoal, foi estimado inicialmente em US$ 4,98 milhões (R$ 26,34 milhões na cotação atual do dólar).

O radiotelescópio foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), além do Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do governo do estado da Paraíba.

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Diamante do Sertão

Inicialmente, ele seria instalado no Uruguai, porém, com a incerteza de investimentos em infraestrutura e dificuldades de negociação, em 2017 ficou acordado que o observatório seria instalado no Brasil.

A estrutura ficará no vale da Serra do Urubu, no sertão da Paraíba, local onde ficará livre de interferências de rádio (geradas pela transmissão de sinais de telefones móveis, televisão via satélite, e outros), o que poderia afetar as observações do radiotelescópio. O instrumento está sendo apelidado de “diamante do sertão”.

Segundo Elcio Abdalla, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP-IF) e coordenador do projeto, o BINGO irá contribuir com a comunidade científica com dados do Universo coletados a partir do hemisfério sul.

Além disso, é esperado que o projeto ajude a despertar a curiosidade e o interesse da população local pela astronomia, por meio de visitas guiadas de escolas e universidades, estimulando o turismo na região.

A maior parte dos componentes serão construídos pela indústria nacional. O radiotelescópio também vai demandar de mão-de-obra especializada em várias áreas como, como inteligência artificial e análise de dados.

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